★★★★★
5/5
Assim como acontece com a maioria das cantoras pop, a linha que dividia a vida pessoal e a profissional de Ariana Grande se tornou cada vez mais tênue ao longo de sua carreira. Desde uma tragédia durante um de seus shows, que culminou na morte de 22 pessoas, ao fim de seu relacionamento com Mac Miller, a artista enfrentou diversas metamorfoses no decorrer da criação de seu quarto álbum de estúdio, Sweetener. E isso, por motivos óbvios, implicou consideravelmente no resultado final: trata-se de uma obra agridoce, que alterna entre uma Ariana esperançosa por dias melhores e outra mais vulnerável do que nunca.
Esse contraste, além de lírico, pode ser notado nas produções do disco. Pharrell Williams e Max Martin encabeçam a grande maioria das canções da obra, e cada um, à sua maneira, contribui para que Sweetener seja um álbum multifacetado. Do caos que predomina “the light is coming” aos sintetizadores melancólicos presentes em “breathin” e “no tears left to cry”, o disco evoca diferentes narrativas que, dentro de um mesmo corpo, fazem todo o sentido.
São justamente essas nuances que tornam o álbum, até hoje, o mais rico e singular da cantora. É o oposto do que se esperava dela após a sequência de seus três primeiros discos, que trilhavam um caminho progressivamente mais maduro, embora previsível. Não me entendam mal: Sweetener é, em todos os aspectos, um álbum pop. E muito pop. Todos os elementos que alçaram Ariana Grande ao mainstream e a deram uma legião de fãs estão nele, mas, mesmo assim, é possível notar uma desconstrução artística que a permitiu voar em busca de novos direcionamentos.
Ao adicionar contornos mais soturnos à sua discografia, Ariana enriqueceu sua carreira com o seu melhor álbum até então. Sweetener é, indubitavelmente, uma virada de chave para a carreira de cantora. É, até hoje, seu registro mais ousado e disruptivo.
Selo: Republic
Formato: LP
Gênero: Pop / R&B