Crítica | Bryson Tiller


★★☆☆☆
2/5

Bryson Tiller lançou seu álbum homônimo depois de quase quatro anos desde seu último LP, A N N I V E R S A R Y. O artista esteve ocupado nos últimos anos com o lançamento de uma mixtape, quatro EPs e um álbum inteiro descartado por questões legais envolvendo samples. Agora, o cantor estadunidense faz um retorno morno ao R&B com faixas monótonas e composições vergonhosas.

O álbum até consegue causar uma boa primeira impressão. Bryson cria uma atmosfera sensual palatável em “Attention”, em que os vocais adocicados são eficientes em incorporar a narrativa de sedução presente na faixa. Por outro lado, a impressão final é constrangedora devido a “Assume The Position”, com letras sexuais nada sutis que fariam até Baco Exu do Blues se envergonhar — “Coloque suas mãos na minha glock / Não tenha medo de apertar / Contanto que você mire em dar prazer”.

“Random Access Memory (RAM)” faz analogias rasas com estruturas de um computador que poderiam ser feitas por um adolescente de um curso técnico de informática. O conteúdo lírico, no entanto, pode ser relevado graças à infusão de hip hop na faixa que realça o sample de “In This Darkness”, de Clara La San.

Bryson chega a soar perdido em algumas faixas, como no começo de “ÆON L U S T”, em que ele aparenta ter dificuldade em se inserir no beat. O flow melhora na acelerada “F4U”, um dos poucos momentos agradáveis de rap. Já “Persuation” conta com um dos refrões mais insossos do projeto, com uma produção suja nos vocais de Victoria Monét que faz parecer que a gravação ocorreu no banco de trás de seu Jaguar em movimento.

Nem mesmo a inclusão da faixa bônus “Whatever She Wants”, que chamou certa atenção ao ser publicada no Soundcloud em 2023, ajudou a elevar o álbum. Se, por um lado, Bryson Tiller parece ter embarcado em uma produtividade intensiva nos últimos anos, por outro, os motores criativos de sua arte já não funcionam como antes e precisam de um descanso.

Selo: RCA
Formato: LP
Gênero: R&B / R&B Contemporâneo, Trap
Tobia Ferreira

Emo de banho tomado e quase jornalista cultural. Graduando em Jornalismo pela USP e repórter do Aquele Tuim, em que faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica e Funk e R&B e Soul.

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