Crítica | CAJU


★★★★★
5/5

Desde que saiu do grupo Os Caramelows, Liniker vem trilhando uma carreira solo de grande sucesso. Seu projeto Indigo Borboleta Anil chamou atenção por trazer uma sensação de novidade e projetar os vocais da artista junto com suas composições e produções inspiradas em marcas da MPB, convergindo ao seu ápice artístico até então. Nesta segunda-feira (19) é lançado seu segundo álbum solo, CAJU. Nessa jornada, veremos amor, alegria e reflexões sobre nossas vidas em sintonia com harmonias vocais e produções elegantes.

Começamos essa jornada com a ultrarromântica e poética faixa-título “CAJU”, na qual Liniker aborda suas meras dúvidas sobre a confiança do seu amado. Aqui, a composição brilha como o sol; o exagero intencional dado à canção é um simples teaser do que vivenciaremos ao longo do LP, a começar pela produção, assinada por Liniker e outros produtores, que continua com o toque R&B e MPB do álbum anterior, mas se expande para ritmos como o pagode, por exemplo. Tamanha diversidade sonora não implica em confusão de estilos, vemos aqui um cuidado de critérios importantíssimo para reafirmar a indisciplina de Liniker (no bom sentido), o que repercute também na intenção de fazer músicas longas, como “VELUDO MARROM”, numa época em que o mercado se estreita cada vez mais para sons pós-algoritmo, ou seja, faixas não só curtas, mas completamente reduzidas.

A faixa também tem uma proposta romântica, em que Fejuca, Gustavo Luiz e Liniker dão um show de produção; eles usam o mesmo artifício de “THE GREATEST” de Billie Eilish, com um começo lento, simples e bonito para um refrão impactante com ótimos vocais, sem dúvidas um dos melhores trabalhos de produção de Liniker até hoje. Assim como “ME AJUDE A SALVAR OS DOMINGOS”, outra faixa longa que também consegue cativar o ouvinte, além de se destacar pelo lindo final feito inteiramente de instrumentais, um respiro em meio ao turbilhão de ideias 100% aproveitadas pela artista.

Como dito anteriormente, Liniker explora outros aspectos da MPB e do R&B, mas também do pagode e da house music. “FEBRE” é a irmã mais nova de “Baby 95”. A composição é típica de um pagode, viciante e contagiante. Sinceramente, eu a ouvi várias vezes porque essa música é uma delícia. “SO SPECIAL”, parceria com Tropkillaz, tem elementos de house, o que a torna bem única na composição geral do LP. “DEIXA ESTAR”, parceria com Lulu Santos e Pabllo Vittar, me lembra clássicos de Ed Motta. O sentimento de alegria e a vontade de dançar é constante, e a parte da Pabllo é simples, mas extremamente suficiente.

Liniker evolui não só como artista, mas também como pessoa, e deixa CAJU mais bonito a cada vez que nos aprofundamos em suas faixas, não só pelos seus vocais incríveis, mas também pela forma distinta e meticulosamente trabalhada com que foram feitas, soando como a expansão definitiva de seu material como cantora, compositora e produtora. Para finalizar esta resenha, não consegui encontrar palavras para descrever a experiência de ouvir este trabalho, mas Liniker descreveu fielmente a sensação de ouvir CAJU em sua última citação do álbum:

É preciso ser o retrogosto da boca e ser eterno em alguma memória, seu nome não é caju à toa.

Selo: independente
Formato: LP
Gênero: Pop / R&B Contemporâneo, Neo-Soul
Lu Melo

Estudante de jornalismo, 18 anos. Amante da música e da cultura pop desde da infância. É crítico do Aquele Tuim, em que faço parte da curadorias de R&B e Soul.

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