Crítica | Charm


★★★☆☆
3/5

A trajetória de Clairo é bem interessante: de uma jovem que fazia música no quarto a uma letrista cujas canções apresentam construções musicais mais intangíveis de especialidade no pop recente, ela sempre esteve imersa em seu próprio espaço, pouco se envolvendo com artistas de sua geração. Claro que toda a força que orbita ao seu redor parece ser uma personalização extrema, que se torna evidente quando analisamos sua obra e a vemos, pela lente de seus fãs, como um nome já bastante prestigiado por sua evidente maturidade.

Charm parece tentar se mostrar sofisticado e artisticamente rico. Clairo sabe que optar pelo pop denso é um passo importante para construir também sua persona como prodígio alternativo. Aqui, o sophisti-pop e o soft rock dialogam bem com o bedroom pop do início de sua carreira, embora essa conversa não se mantenha por muito tempo. A densidade temática do álbum provoca uma exaustão irritante, tornando a tarefa de ouvir as onze faixas quase impossível.

Muitos artistas jovens, da mesma idade de Clairo ou não, caem na suposta armadilha das mídias sociais e são criticados por fazer música para o TikTok. Pessoalmente, prefiro defendê-los a ter que ouvir este álbum duas vezes. Clairo realmente tem algo a dizer e não lhe falta força de vontade, mas é esse o caminho a seguir? Não estou falando sobre duração e tampouco sobre como consumimos música em tempos de algoritmos, mas sim sobre como Charm é realmente chato e redundante, especialmente quando comparado a Sling.

Selo: Independente
Formato: LP
Gênero: Pop / Sophisti-Pop, Soft Rock
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

Postagem Anterior Próxima Postagem