Crítica | Cochicho no Silêncio Vira Barulho, Irmã
★★★★☆
4/5
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Qual o real papel da mulher? Quando nos fazemos essa pergunta, somos absorvidos e confrontados por diferentes reflexões, que surgem do questionamento do status quo. Hoje, as mulheres não estão mais restritas aos ambientes domésticos; algumas delas também estão em outras esferas da sociedade, realizando diferentes tipos de atividades. No entanto, mesmo com a crescente inclusão das mulheres nessas outras partes que compõem e ajudam a estabelecer a sociedade, o trabalho de cuidado continua sendo uma função que infelizmente nunca deixou de ser desempenhada por elas.
Dividido em duas partes, Cochicho no Silêncio Vira Barulho, Irmã, de Verônica Ferriani, é um álbum importante em todo esse contexto, não pelo seu maravilhoso trabalho de produção, que coloca principalmente as mulheres em evidência, mas por ser um projeto que pretende questionar normas e trazer mais questões para os debates atuais, como o direito das mulheres de serem e sentirem o que quiserem. Uma conversa percorrida por um universo sonoro colaborativo de paletas sonoras que vai da MPB ao forró. O cochicho aqui é uma conversa entre iguais de pessoas diferentes e reflexões tensionantes.
Ferriani e suas parceiras também convocam os homens a participarem dessa conversa, para que possam refletir sobre suas ações como homens e também sejam agentes de transformação nesse processo de mudança da sociedade e de suas atitudes cotidianas — é mais do que necessário que eles [homens] sejam incluídos nesse espaço de diálogo contrapondo as convenções pré-estabelecidas. E cá entre nós, essas convenções já deveriam ter sido revistas há muito tempo.
Selo: Tratore
Formato: LP
Gênero: Pós-MPB / Música Brasileira