Crítica | CRYBABY


★★★☆☆
3/5

Rapper e cantora em ascensão, Rae Khalil pode não ter levado o grande prêmio do reality Rhythm + Flow, da Netflix, mas conquistou algo muito maior do que qualquer recompensa que o serviço de streaming poderia sequer oferecê-la. Em fevereiro deste ano, a californiana integrou o time de artistas da gravadora APESHIT, fundada por Anderson .Paak, e ainda assinou um contrato com a Def Jam para o lançamento de seu primeiro álbum, CRYBABY.

Cadenciado por grooves envolventes e uma percussão oldschool, o disco apresenta uma mescla descolada de soul e hip hop, com instrumentais densos e de personalidade clara. Apesar disso, há uma evidente frouxidão, tanto estrutural quanto estética, que se estende pelas faixas; é quase como se estivéssemos ouvindo uma sessão informal entre amigos, o que não chega a ser ruim e provavelmente representa a realidade das gravações, mas raramente se torna mais do que apenas agradável — e convenhamos, isso é o mínimo se considerarmos todos os recursos que estão ao alcance da artista.

No entanto, quando CRYBABY consegue ultrapassar esse limite, os resultados são estratosféricos. “SHE’S A BORE”, por exemplo, acerta no uso de samples para a construção de suas linhas melódicas, fazendo-a soar como um clássico esquecido. É como se o antigo Kanye West ainda estivesse entre nós. Já “COME HOME”, um revival inesperado e surpreendentemente fiel às bases do new jack swing, é divertido por natureza. Quem dera isso fosse verdade para todas as faixas.

Selo: APESHIT/Def Jam
Formato: LP
Gênero: R&B / Neo-Soul, West Coast Hip Hop
Marcelo Henrique

Graduando em Matemática Computacional pela UFMG e editor do Aquele Tuim, em que faz parte das curadorias de Pop e R&B e Soul.

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