Crítica | Direto da Selva


★★★☆☆
3/5

Direto da Selva mantém parte do apelo do trap mainstream que se conforma com temas já explorados, sempre visando um estilo de vida fácil e evocando a superação a cada verso minimamente consciente. A graça está nos pequenos avanços que Tz da Coronel condiciona ao fazê-lo a partir do próprio ponto zero de sua carreira.

É o funk com trap que às vezes se apega a uma espécie de receita descompromissada que o próprio artista havia explorado muito em Dacoromode, de 2023. Por isso, momentos como “Nossa Postura”, em parceria com Russ Millions e Dj Alle da Coro, chamam tanto a atenção. Aqui, o jersey club se mistura à voz de baixo característica do próprio Tz — que inclusive já lhe rendeu muitos ataques — no estilo de “Just Wanna Rock”, de Lil Uzi Vert, mas ajustado a um contexto que se relaciona bem com a frequência de batidas interessantes contidas ao longo da obra.

Portanto, não há como ver o Direto da Selva também como uma evolução master de Tz. Hoje, ele movimenta a cena e, mesmo preso a alguns padrões dos quais só o underground consegue se desvencilhar, ele ainda parece ter muito a acrescentar com sua postura e jeito únicos de fazer o que, talvez, a maioria das pessoas já faça. Ele já vai além, mas parece se cansar fácil quando precisa aumentar a velocidade.

Selo: Cúpula
Formato: LP
Gênero: Hip Hop / Trap
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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