Crítica | faces of stone


★★★☆☆
3/5

Há duas coisas que chamam a atenção em faces of stones, de Enzo Garcia. A primeira é a maneira como o artista usa sua voz, num tom tão desanimador e confortável que nada parece ser capaz de perturbá-lo. É um jeito interessante de parecer não se importar com algo mesmo se importando profundamente – e percebemos que ele de fato se importa.

A segunda coisa, e mais interessante, é o sistema que Enzo cria para gerir o som e as manifestações quase opostas que dele advêm. Há, em momentos como "you said", uma amostra simples, mas muito efetiva, do que torna faces of stones tão interessante mesmo sendo cheio de dualidades: seu tom caseiro. É incrível que mesmo emergindo de instantes excessivamente refinados, o EP ainda soe caseiro e às vezes bucólico.

O som e a voz, como cerne de sua concepção, se entrelaçam por meio de um método lo-fi repleto de respingos eletrônicos que movem ainda mais a indiferença em direção ao polimento. A faixa-título “faces of stone”, por exemplo, com seus quase dez minutos de duração, mistura glitches e fragmentos de eletroacústica; às vezes desaparece completamente, às vezes ressurge. É puro desprendimento.

Selo: Independente
Formato: EP
Gênero: Eletrônica / Experimental
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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