Crítica | Lungu Boy


★★☆☆☆
2/5

Lungu Boy, o mais novo trabalho de Asake, é exatamente o que você esperaria de um disco de afrobeats lançado num contexto pós-TYLA. Chega a ser irônico poder afirmar isso, afinal de contas a visão progressista dos dois primeiros álbuns do cantor nigeriano foi muito significativa para a ascensão do afropiano (e da música africana como um todo) no cenário global, abrindo portas para que artistas como Tyla eventualmente exportassem o gênero para outros continentes.

Mas, com Lungu Boy, parece que Asake está apenas jogando o jogo que ele mesmo ajudou a criar, e isso se torna evidente nas tentativas mal-sucedidas de colaboração com figuras populares do hip hop, como Travis Scott e Central Cee, que nada têm a ver com o universo musical em que o registro está inserido.

Também é notável a perda do calor que guiava as construções mais inspiradas do artista, tradicionalmente acompanhadas de vocais agrupados e instrumentos de corda que, aqui, dão lugar a uma estética mais eletrônica. Nem mesmo um sample de Mary J. Blige foi capaz de adicionar alma às batidas, que já foram dançantes e convidativas, mas dessa vez não possuem vida alguma. É como se Asake finalmente tivesse chegado aonde queria, mas não sabe como comemorar.

Selo: EMPIRE
Formato: LP
Gênero: Pop / Afrobeats
Marcelo Henrique

Graduando em Matemática Computacional pela UFMG e editor do Aquele Tuim, em que faz parte das curadorias de Pop e R&B e Soul.

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