Crítica | Mecha


★★★☆☆
3/5

O novo EP de André Lira, também conhecido como Doctor Jeep, é uma fusão de sons que desfazem suas aspirações rave. Com três faixas e três remixes, o nova-iorquino destroi alguns dos fundamentos básicos das pistas de dança, enquanto explora suas raízes como um artefato que imprime novas texturas ao conjunto geral; o artista transita do drum n bass ao dubstep, mantendo sempre os pés no techno.

O destaque fica por conta de “Macumba”, uma faixa cuja mistura estética se expande em direções quase infinitas, combinando vertentes de bateria sintética, batuques e funk — sim, o nosso funk. Essa combinação ganha uma camada espessa demais para ser classificada apenas como uma influência; além disso, a combustão revela um sentido superior de cruzamento de ritmos como se fosse uma expansão do aumento digital da produção, algo cada vez mais comum.

A riqueza e o dinamismo criativo permeiam sons que, agora, raramente se acomodam em apenas um meio — uma ideia recorrente do selo TraTraTrax, comandado pelo colombiano Verraco, que já havia condicionado os ritmos latinos com a rave eletrônica como força motriz de seu trabalho. Mecha é, portanto, mais um símbolo desse movimento em ascensão, que tem tudo para tornar a música eletrônica mais diversa e interessante do que nunca.

Selo: TraTraTrax
Formato: EP
Gênero: Eletrônica / Experimental
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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