Crítica | METAMORPHOSIS


★★★☆☆
3/5

A velocidade com que o phonk surgiu é quase a mesma com que ele pode desaparecer. Após viralizar no Leste Europeu e criar um nicho quase 100% avulso do movimento, reações negativas ao subgênero começaram a ganhar força e gerar uma espécie de oposição. “Phonk É o Caralho” de d.silvestre, por exemplo, é uma das primeiras convocações, não necessariamente como um ataque, mas como uma constatação de que o “brazilian phonk” não passa de funk, ainda que com um desvio de rota grosseiro.

Hoje, a postura anti-phonk é quase um consenso entre os DJs e MCs mais atentos. É, na verdade, uma união de forças para preservar o que é nosso, ainda mais no contexto em que tudo se desenvolveu: entre alguns DJs ucranianos, que se apropriaram da estética do automotivo com o bruxaria para criar uma espécie de descarga de adrenalina que ambos os sons podem transmitir, e que quando bem utilizada, em vídeos do TikTok envolvendo símbolos (incluindo os normalizados de extrema direita, neonazistas) da guerra, funciona quase como parte de uma propaganda.

METAMORPHOSIS surge como uma pacificação de ideias. É, antes de tudo, a culminância do phonk e do funk — sem que haja uma segregação no sentido de classificação de ambos. Nele, DJ XABLAU explora o potencial de um, ao mesmo tempo em que reafirma a vasta imensidão do que já se faz aqui, no nosso quintal, ou nos maiores bailes de São Paulo. O mais interessante dessa conexão, que remonta ao mandelão como parte da osmose do bruxaria com o phonk (e do hip hop que deriva do memphis rap), é que não é preciso ir muito além para notar a boa diferença, tanto no resultado final, como nas faixas “BRUXARIA ENTORPECENTES”, “MONTAGEM CRIMINAL” e “SET DOS PECINHAS”, quanto na própria concepção criativa com que o trabalho se baseia.

Selo: Independente
Formato: LP
Gênero: Funk / Mandelão, Bruxaria
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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