Crítica | No Escuro,


★★★☆☆
3/5

Talvez ao ouvir o álbum, o ouvinte possa imaginar que essas faixas soam como descartes de Luísa Sonza, de uma forma tão intensa que até o registro vocal usado aqui lembra muito o timbre da artista de Escândalo Íntimo. Aliás, isso ocorre porque Carol Biazin é o nome por trás da maioria das músicas da cantora gaúcha.

A incompetência de Luísa Sonza sempre fez com que ela incorporasse muito da personalidade musical de suas compositoras. Entre elas, Carol Biazin, aquela em quem a sulista mais se inspira. Por isso, sua obra, mesmo sendo de fato a fonte autêntica da imagem de Sonza como cantora, por ter menor repercussão na mídia e ser lançada posteriormente ao registro que ela estava trabalhando com a dona do viral “Chico”, sempre ficou prejudicada pelo rótulo de descartes de Luísa Sonza.

O problema também reside não apenas em ser muito reminiscente do trabalho de Sonza, mas o material lançado por Carol soa sempre inferior ao trabalhado com a sulista — que já não é lá de muita qualidade. Talvez ela tenha gastado as melhores ideias para compor com Luísa e, assim, seus registros soam muito pobres. No Escuro,, é um curioso caso para a discografia de Biazin. Bem escrito e produzido, é seu projeto mais sólido.

Assim como seus outros álbuns, lembra muito o trabalho de Sonza, mas, dessa vez, as ideias aqui remetem diretamente ao Escândalo Íntimo. Há pontos em que o álbum de Carol soa mais polido que o gaúcho, no entanto, é bem mais tedioso, pois, diferentemente do lançamento de 2023, que teve pontos altos graças às melodias cativantes e escolhas competentes de seus produtores, No Escuro é extremamente inofensivo.

A maioria das músicas te dão a sensação de serem legais, mas raramente são mais que isso. Escândalo Íntimo pode ter alguns momentos constrangedores, mas realmente houve pontos que mostraram que a artista montou um time para construir um resultado de qualidade, então mesmo que a presença de Sonza tenha sido péssima, dava para notar o trabalho intrigante da produção, por exemplo. Carol Biazin traz a estética alternativa, marcada por um som atmosférico que toma bastante influência do R&B alternativo e do trap soul, junto com uma performance suave e composições que muitas vezes abordam temas pessoais e emocionais, é uma abordagem, novamente, similar à que Luísa trouxe em Escândalo Íntimo.

Aqui, Carol Biazin, entretanto, parece realmente querer fazer nada mais que o alt-pop aos moldes do que é o comum nessa vertente atualmente. Dessa forma, No Escuro, é mais verdadeiro em sua proposta e apresenta um disco decente para a cena, que dificilmente se destaca, mas consegue se adaptar perfeitamente ao que é idealizado. Apesar disso, falta-lhe uma certa força: é bem escrito, bem produzido e é bem informado dentro das tendências da cena pop alternativa, mas é inofensivo demais para realmente interessar o ouvinte.

Selo: Universal Music
Formato: LP
Gênero: Pop / Alt-Pop
Davi Bittencourt

Davi Bittencourt, nascido na capital do Rio de Janeiro em 2006, estudante de direito, contribuo como redator para os sites Aquele Tuim e SoundX. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático, Pop e R&B.

Postagem Anterior Próxima Postagem