Crítica | Quantum Baby


★★★★☆
4/5

Apesar de seu talento incontestável, a carreira de Tinashe enfrentou turbulências que afetaram consideravelmente seu sucesso. A forma como sua antiga gravadora, a problemática RCA, parecia deliberadamente sabotá-la, a alçou ao posto de “injustiçada” — era e, de certa forma, ainda é, um consenso de que a cantora merecia ser maior do que é. Felizmente, ao se tornar artista independente, Tinashe entrou em uma crescente criativa que parece se expandir a cada nova era. E, no apogeu de sua autenticidade, surge Quantum Baby, segundo capítulo de uma trilogia iniciada pela estadunidense no ano passado, com o ótimo BB/ANG3L.

A atual era teve como ponto de partida o single “Nasty” que, surpreendendo até os mais otimistas, obteve um relativo êxito. A canção não necessariamente representa Tinashe em seu momento mais inspirado, mas funciona e cativa com seu refrão pegajoso. A faixa, contudo, não diz muito sobre a atmosfera do Quantum Baby. O registro é menos imediato que outros álbuns da cantora. Há uma construção gradual, que já havia sido mostrada em BB/ANG3L, mas que agora ganha mais profundidade.

Assim como seu antecessor, Quantum Baby explora as convergências do R&B com a música eletrônica. Do UK garage de “Getting No Sleep” ao trap de “Thristy”, Tinashe transparece segurança em todas as nuances do disco — com uma imersão genuína que foi sendo lapidada no decorrer de sua discografia. Dessa forma, Quantum Baby é mais uma demonstração da progressão artística de Tinashe, aflorada, sobretudo, a partir de Songs For You (2019), seu primeiro disco fora da RCA. Cinco anos depois, a cantora se mostra ainda mais à vontade em seu próprio som, e o resultado disso é um álbum sedutor, sucinto — mas nunca incompleto — e divertido.

Selo: Nice Life
Formato: LP
Gênero: R&B / Pop
Lucas Souza

Jornalista, escritor, noveleiro e movido a música desde que se entende por gente. Redator na Aquele Tuim e curador de MPB, Pós-MPB, Música Brasileira e Pop.

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