Crítica | Queda Livre


★★★★☆
4/5

Paulo Vitor Castro, também conhecido como Caxtrinho, pode ter apenas 25 anos, mas já demonstra uma maturidade tenaz pela sua força narrativa e capacidade de pairar sobre o samba e o rock psicodélico. Em Queda Livre, sua estreia, o artista criado na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, abraça grandiosamente o postulado musical que seus temas cotidianos buscam transmitir sem muitas complicações.

Aqui, ele escreve sobre tudo ao seu redor; a crônica que é transposta para a música e que se soma ao som, que também carrega a individualidade de Caxtrinho — as raízes culturais do candomblé. Esse conjunto de bases faz a cuíca e os batuques parecerem dançar com acordes de guitarra, enquanto a naturalidade de peças como “Branca de Trança” e “Brankkkos” é dada pelo tom escrachado e muito inteligente das letras altamente conectadas à sua vivência, demarcadas e expostas nesse modelo que o artista parece dominar.

Seu espécime é à la Negro Leo, o que é tão justo quanto apropriado, já que Caxtrinho parece herdar essa vontade de narrar sua subjetividade, de enrolar e arregaçar suas convicções entrelaçadas pela hodiernidade em todas as métricas possíveis do relato. E ele faz isso de forma tão singular que a verossimilhança das referências inexiste para além do que aqui se articula (“Merecedores” e o conjunto instrumental inabitual ou “Rolé na B2” com uma construção de ambiência que é 100% insofismável). Pode dizer: é incomparável.

Selo: QTV
Formato: LP
Gênero: Experimental / Samba, Rock Psicodélico
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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