Crítica | “Retrato”


★★★★☆
4/5

Meu avô olhou pra mim
Naquele velho retrato
Me contou minhas histórias
Relembrou o meu passado

Canta Jade Faria nos segundos iniciais de “Retrato”, canção que resgata memórias, cria paralelos e entrelaça raízes musicais de uma perspectiva contemporânea do sertão mineiro. É uma peça simples, com narrativa direta e que se sustenta na emoção depositada em cada um dos versos e arranjos, que contam ainda com as impressões de Luiza Brina, cujo acréscimo contribui para a delicadeza de Jade em reconstruir memórias, homenagear e, sobretudo, celebrar a grandeza de Seu Zé, seu avô. Ao longo de quase cinco minutos, somos empurrados pela familiaridade vocal de Jade, que logo se mistura à de Luiza e juntas seguem a imensidão física que criam em meio a arranjos lacrimosos que se inflamam ao longo de cordas e palavras que transcendem a condição temática inicial… é nesse ponto que “Retrato” se torna tão relacionável quanto comovente. Parte dessa intensa carga emocional se deve à própria noção de um quase cancioneiro romântico que a produção instrumental busca reconstruir, principalmente nos momentos tomados pela viola caipira. É impossível não se sentir acolhido e tocado. É lindo.

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Formato: Single
Gênero: Pop / Folk
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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