Crítica | Sophcore


★★★☆☆
3/5

Moses Sumney deu início a uma guinada em sua discografia com o EP Sophcore. Quatro anos após o lançamento do aclamado græ, seu segundo álbum de estúdio, o artista faz uma transição para sonoridades mais rítmicas e radiofônicas. Nas 6 faixas, o cantor abandona a melancolia dos trabalhos anteriores, mas sem esquecer do experimentalismo que o consagrou.

Embora não seja um bom acréscimo em seu currículo, a participação de Moses em The Idol parece tê-lo inspirado a explorar mais de sua sensualidade na música. “I’m Better (I’m Bad)” dá início ao projeto com um não tão crível hino de bad boy que parece pertencer mais a seu personagem na série do que a ele mesmo. A faixa traz vocais carregados de autotune que podem repelir os fãs acostumados com a voz angelical do cantor.

Em seguida, a nostálgica “Vintage” transfere o autotune para o piano, que se une aos sintetizadores oníricos para incorporar o desejo do cantor de voltar para a boa fase de um relacionamento. O interlúdio “Whippedlashed” dá continuidade com uma breve descrição da superficialidade da relação no tempo presente. Ainda que seja um bom complemento para a narrativa desenvolvida, a faixa por si só não parece ser justificável para o formato de um EP.

Em “Gold Coast”, Moses resgata as origens de sua família em Gana ao incorporar elementos de afrobeat em uma dançante faixa solar com charmosos acordes de violão. Por fim, “Hey Girl” e “Love’s Refrain” encerram o projeto com os já familiares saxofones, coros e vocais cristalinos explorados nos trabalhos anteriores.

Sophcore parece preparar o terreno para algo maior. Ainda que possua mudanças drásticas na sonoridade e composição desenvolvidas por Moses até aqui, o EP soa cauteloso ao não se distanciar bruscamente do R&B experimental. A produção das faixas segue com algumas escolhas inusitadas, mesmo que agora sejam muito mais voltadas para o mainstream. É um projeto divisivo, que pode despertar curiosidade pelos próximos passos do artista ou instigar saudosismo por seus primeiros lançamentos.

Selo: TUNTUM
Formato: EP
Gênero: R&B / R&B alternativo, Neo soul
Tobia Ferreira

Emo de banho tomado e quase jornalista cultural. Graduando em Jornalismo pela USP e repórter do Aquele Tuim, em que faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica e Funk e R&B e Soul.

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