Crítica | Trouble In Paradise


★★★☆☆
3/5

Em 2021, um ano após o aclamado Ungodly Hour, disco do duo formado com sua irmã Halle, Chlöe iniciou efetivamente sua carreira solo com o hit moderado “Have Mercy”. A faixa atingiu a posição de número 28 na Billboard Hot 100, sendo até hoje seu maior pico na parada estadunidense. De lá para cá, a trajetória da artista foi marcada por tentativas de encontrar seu lugar ao sol, de singles avulsos que pouco conversavam entre si a um álbum de estreia apático. E é justamente a partir de mais uma dessas tentativas que nasce Trouble In Paradise, seu mais novo projeto.

Anunciado somente no início desta semana, o sucessor do In Pieces é descrito pela cantora como “uma aventura de verão”. Influenciado por ritmos caribenhos e pelo afrobeats, Trouble In Paradise soa mais bem direcionado que seu antecessor. Faixas como “Temporarily Single” e “Never Let You Go” o aproximam de registros como The Age Of Pleasure, de Janelle Monáe, e o álbum autointitulado de Tyla. Contudo, se o dinamismo é o grande trunfo dessas obras, não se pode dizer o mesmo do disco de Chlöe.

Para um álbum descrito como uma “aventura”, Trouble In Paradise é um pouco entediante. Chlöe não parece ter o suficiente a dizer para sustentar 16 faixas. Em alguns momentos, o disco apenas se repete, sem que haja muito ao que agregar à experiência de ouvi-lo. No entanto, Trouble In Paradise tem seus méritos. O principal deles é o ótimo dueto entre Chlöe e Halle em “Want Me”, certamente o melhor momento da obra para os saudosistas do duo. “Favorite”, parceria com Anderson .Paak, é divertida e equilibra bem o universo dos dois artistas. Infelizmente, mais uma vez, a cantora peca pelo excesso.

Se o álbum fosse mais curto, suas qualidades sobressairiam com mais facilidade — mas aqui não são suficientes para querer escutá-lo novamente. Ainda assim, o LP apresenta uma (leve) evolução de Chlöe em relação ao seu trabalho anterior. A cantora soa menos perdida e parece mais à vontade com o próprio som. De qualquer modo, é igualmente um trabalho aquém de seu potencial artístico.

Selo: Columbia/Parkwood
Formato: LP
Gênero: Pop / R&B, Afrobeats
Lucas Souza

Jornalista, escritor, noveleiro e movido a música desde que se entende por gente. Redator na Aquele Tuim e curador de MPB, Pós-MPB, Música Brasileira e Pop.

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