★★★★☆
4/5
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333 parece uma evolução natural do que Matuê vem fazendo nos últimos anos. MÁQUINA DO TEMPO o estreou no cenário do rap com suas letras descontraídas, muitas vezes motivo de críticas injustas, e som que trazia referências ao cloud rap imerso na psicodelia que criava, por sua vez, uma atmosfera alucinógena. Seu novo disco é, de fato, uma continuação muito bem feita de onde ele parou.
Aqui, o psicodélico que estava presente em sua estreia, porém, bem mantido dentro do trap, não só se fortalece nas músicas mais próximas do hip hop, mas também se apresenta em sonoridades que se afastam do gênero. Veja “O Som”, que traz o groove hipnotizante do baixo, as guitarras com efeitos phaser e os vocais com reverb que criam um ambiente sonoro em que tudo remete à psicodelia, ocorrendo de forma semelhante com os sintetizadores e metais oníricos de “333”.
Em suas composições, o artista mantém temas relacionados às drogas, mas o faz em músicas que tocam em assuntos mais profundos, que mostram um lado do rapper para além da maconha. “333”, a melhor faixa nesse quesito, explora os problemas que a fama trouxe para Matuê, principalmente com a insuportável falta de privacidade, enquanto “V de Vilão” parece contar uma história que reflete a realidade de meninos que crescem na comunidade.
Apesar de algumas inovações curiosas, o cearense não perde a essência que marcou seus trabalhos anteriores. É por isso que, embora 333 demonstre com mais intensidade a versatilidade do artista em trabalhar com psicodelia para além do campo do hip hop, ou também seu potencial como letrista que, além de saber trabalhar muito bem temas despretensiosos, também sabe trazer letras com maior profundidade, é uma evolução artística que soa muito natural e, talvez por isso, tão bem-sucedida.
Selo: 30PRAUM
Formato: LP
Gênero: Hip Hop / Pop Rap, Trap