Crítica | The Alexander Technique


★★☆☆☆
2/5

The Alexander Technique chega com o gosto amargo do contexto que cerca sua criação. Aqui, Alexander O'Connor parece pronto para refrescar sua imagem após ser libertado no tribunal de acusações de agressão sexual, o que por si só coloca um interesse cortante em sua posição mais íntima e, por um lado, sincera.

Mas até que ponto essa sinceridade é capaz de conduzir toda uma linha narrativa sobre personalidade quando seu autor ainda parece incomodado com o que lhe fora causado no passado? É um estranhamento impossível de ignorar, principalmente quando parece haver uma retomada da situação embaraçosa por um ponto de vista pessoal e doloroso: “So, I answered everything and did my best to keep it rеal in between the lines”, canta ele em “Alexander”.

The Alexander Technique, além de causar sentimentos distintos sobre o significado de suas letras, também é muito chato. Nem mesmo essa permanência do projeto em tentar cantar em um tipo de lema estilo Frank Ocean permite que o álbum discuta seus temas, às vezes muito confusos, de uma forma menos incisiva – O'Connor está na defensiva o tempo todo, entendemos completamente, mas vale a pena refletir sobre a necessidade disso para além de quão artísticas suas intenções possam ser.

A arte da capa, uma pasta em branco sem nenhuma informação ou maiores detalhes sobre o autor, tenta transmitir uma exposição cheia de intimidade e sinceridade, mas acaba refletindo, na verdade, muito do que o álbum tem: um profundo vazio que falha em atingir os vários picos idealizados pelo artista. É um material equivocado do começo ao fim.

Selo: Sony
Formato: LP
Gênero: Pop / Bedroom Pop, Indie Folk
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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