Crítica | Endlessness


★★★★☆
4/5

Quando se trata de jazz ambiente, há um endosso vazio do quão meditativa é uma dada composição e, por isso, cabe a nós observar, em um estado de espírito tranquilo, suas nuances e particularidades temáticas que emergem de formas muitas vezes planas e aéreas – um convite à reflexão.

O segundo álbum de Nala Sinephro, Endlessness, tem algumas dessas características, aqui apoiadas por suas harpas e sintetizadores relaxantes. A questão é que nada que se esvai de seus quarenta e cinco minutos de duração parece corresponder a uma totalidade de sentidos; Nala está longe de nos manter em escuta passiva, ela convida o ouvinte a viajar por seu espaço interdimensional o tempo todo, até que se canse e assim obtenha descanso em suas composições que funcionam como um verdadeiro oásis.

É nessa busca por estímulos que Nala encontra uma beleza flutuante de seus instrumentais adoçados por uma independência voraz, com sua harpa de pedal evocando sentimentos que brincam com a posição de quem a escuta. Essa remediação faz de sua passagem pelo jazz espiritual, com forte direção de Alice Coltrane, a quem é frequentemente comparada – ainda que haja importantes diferenças temporais –, uma das considerações necessárias para entender o quão extranatural Endlessness é.

Selo: Warp
Formato: LP
Gênero: Jazz
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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