Crítica | F-1 Trillion


★☆☆☆☆
1/5

Em março deste ano, Beyoncé lançava Cowboy Carter. Esse álbum foi, sem dúvidas, muito marcante para o cenário pop de 2024, não só pelo fato de ser uma das obras mais lustrosas do mainstream recente, mas, principalmente, porque ele ajudou a firmar uma tendência entre os artistas desse meio. Nos meses seguintes, pudemos ver diversos nomes do pop adentrando no universo country, como Zayn, Shawn Mendes e Post Malone.

F-1 Trillion, novo álbum do dono do hit “Circles”, é sua tentativa de conquistar um espaço no gênero e, se formos falar de termos comerciais, ele alcançou esse feito: “I Had Some Help” é um dos maiores hits do ano. Musicalmente, no entanto, é uma das piores explorações do country feita por um artista pop.

Post Malone tenta fazer algo grandioso em sua transição para o estilo: um grande tributo à cena, com a participação de grandes nomes, tanto atuais, como aqueles que tiveram seu auge de sucesso em outra época, mas que se mantêm com um legado significativo até hoje. O problema de F-1 Trillion é que, apesar das pretensões, ele é extremamente vazio. O cantor até pode chamar Dolly Parton, Tim McGraw, Chris Stapleton e Blake Shelton numa tentativa de mascarar sua mediocridade artística, mas nada adianta conseguir encaixar a indústria fonográfica inteira do country no disco se ele for, no final das contas, o mais desprezível do estilo lançado neste ano.

O álbum é dolorosamente estereotipado, com os clichês mais toscos do country possíveis. Tanto os instrumentos de corda, comuns no country, quanto o vocal trazem aspectos característicos do gênero de forma forçada, em busca de cumprir o objetivo de repaginar Post como um artista tradicional da cena. Quando não é estridente que essa tentativa de construir o som se dá com muita artificialidade, a obra peca porque é tão inofensiva que soa como qualquer faixa do estilo nas playlists de top hits country de serviços de streaming.

F-1 Trillion, no sentido de tentar fazer um tributo ao country, é o Cowboy Carter de Post Malone, porém, na prática, esse registro é a antítese do disco de Beyoncé. Knowles trouxe uma perspectiva nova para o country atual, dando uma ênfase às vertentes voltadas aos artistas negros como o country-soul e levando o ouvinte para conhecer a história do ritmo que vai muito além do country-pop e bro-country que são predominantes no cenário atual. O cantor, assim como a dona do hit “Single Ladies”, faz referência a nomes que foram importantes para o gênero — temos até mesmo uma participação de Dolly Parton, cantora que também fez presença em Cowboy Carter. No entanto, seu álbum é a representação da decadência do cenário atual do ritmo: todos os piores clichês do country estão agrupados aqui.

Selo: Republic
Formato: LP
Gênero: Pop / Country Pop, Country Contemporâneo
Davi Bittencourt

Davi Bittencourt, nascido na capital do Rio de Janeiro em 2006, estudante de direito, contribuo como redator para os sites Aquele Tuim e SoundX. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático, Pop e R&B.

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