Crítica | The Head As Form'd In The Crier's Choir


★★★★☆
4/5

The Head As Form'd In The Crier's Choir articula estilo com lógica em composições que vão além de qualquer orientação devocional de formas clássicas – embora o cerne do álbum seja justamente uma criação sustentável de um período contemporâneo dessas raízes interpretativas que, aqui, são dadas pela coluna de sustentação erguida a partir do mito de Orfeu.

Sarah então busca organizar, em suas composições, marcas que remetem à sua robusta idealização conceitual. Não se pode dizer que ela não conseguiu. Assim como o mito da antiguidade clássica, The Head As Form'd In The Crier's Choir é provocativamente trágico, profundo e rigorosamente aprisionador. Sarah nos conduz por seus drones infinitos abusando e narrando quaisquer condições que empreguem um desafio – a viagem de Orfeu ao inferno é o momento em que apertamos o play.

The Head As Form'd In The Crier's Choir não é, no entanto, tão literal. O trabalho de Sarah com órgãos de tubos cria texturas que provavelmente declinarão em qualquer visão que não seja aquela que a artista articula aqui. O final, com os vinte e dois minutos de “Night Horns” atua em plena descrição com a criação de uma elevação que é solar e sombria ao mesmo tempo.

É a força com que Sarah nos lembra sua atitude de evitar excessos e promover signos que se encaixam perfeitamente em seu caminho temático e nossa absorção, às vezes muito pragmática, de métodos experimentais, seja dos momentos incrivelmente habilidosos em termos de composições que evocam riscos que ela teve que correr para ajustar o estilo com a lógica, seja da maneira como ocorre uma articulação magnética de seu minimalismo, já bem conhecida desde Two Sisters. É épico.

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Selo: Late Music
Formato: LP
Gênero: Experimental
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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