Crítica | In Full Effect


★★★★☆
4/5

Estamos no meio de uma nova onda do gênero, quase 30 anos após os primeiros rastros do jungle ganharem vida. Tim Reaper está na dianteira, assim como Kloke, e juntos eles parecem criar uma visão que mistura a diversão e a emoção — às vezes densas — de um estilo que agora possui BPMs envoltos em uma camada externa mais pop do que nunca, como Nia Archives pode atestar.

Aqui, a dupla busca capturar algumas das marcas mais contrastantes do jungle, sem se limitar ao ruído das caixas de drum and bass ou à repetição que advém da mistura de breakcore e techno. Embora esses elementos estejam presentes, eles não são o único fator na fórmula que opera em plena força, unindo texturas e batidas que induzem um estado de transe. É por isso que a descarga emocional provocada por In Full Effect é alimentada pela velocidade inebriante com que momentos melódicos acessíveis (“Juice”) e momentos sombrios (“Havoc”) se chocam simultaneamente.

Acima de tudo, é uma limpeza – e atualização – dos arquivos que precederam o jungle pós-1995. “Alienation”, por exemplo, apresenta um zoom ambiente de timbre techno que preenche os espaços entre as linhas de caixas e os sons sintéticos, que se recusam a se revelar completamente. Essa métrica impõe uma sensação de mistério e cruza, fazendo o álbum soar tão eclético quanto inspirado por um passado cíclico. É quase o resumo perfeito do jungle hoje.

Selo: Hyperdub
Formato: LP
Gênero: Eletrônica / Jungle, Techno
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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