Crítica | ORQUÍDEAS


★★★☆☆
3/5

A cantora colombiana retorna com ORQUÍDEAS, um álbum que promete aprofundar sua jornada musical e consolidar sua posição no cenário internacional. Mas será que é possível manter a qualidade e a originalidade em um intervalo de tempo tão curto? A resposta, como veremos, é complexa e revela uma artista em constante evolução, mas também em busca de um equilíbrio entre a experimentação e a familiaridade

Apenas sete meses após o lançamento de Red Moon In Venus, Kali Uchis anunciou, por meio de suas redes sociais, seu novo projeto intitulado ORQUÍDEAS, com o acréscimo de que as 14 faixas do álbum seriam em espanhol. Pensando logicamente, a primeira pergunta que surge é: “Um novo álbum em menos de um ano? Será que vai ser bom?” É compreensível ter receio quanto à qualidade de um material lançado tão rapidamente, mas Uchis dissipa esse medo ao longo das faixas

O terreno para o álbum já estava sendo preparado desde 2023, com o primeiro single "Muñekita", que conta com a participação do rapper dominicano El Alfa e da rapper JT, do duo City Girls. A faixa é uma mistura de reggaeton com dembow (reggaeton com uma batida mais acelerada), e embora traga apostas interessantes, o resultado revela o oposto. A música é superficial e não cativa o ouvinte pelos motivos certos, falhando em conduzi-lo a qualquer lugar. As colaborações pouco acrescentam, tornando a faixa desnecessária.

Kali Uchis, no entanto, reverte o desinteresse gerado pelo primeiro single ao lançar "Te Mata", em que o bolero é o gênero predominante. Aqui, temos um dos pontos altos de sua discografia. A faixa transita com precisão entre o R&B e um toque suave de soul, acompanhada por uma letra em que ela, de maneira teatral, declama ao público sobre a experiência de escapar de um relacionamento tóxico. O que torna a música particularmente bela é a habilidade da artista em construir todo um cenário envolvente, conduzindo a narrativa com maestria.

Com “Me Pongo Louca”, ”Diosa", “Pediste" e “Labios Mordidos (with KAROL G)” , Kali aposta em um reggaeton mais tradicional, explorando um terreno seguro e familiar ao público. Embora essas faixas não tragam grandes novidades ao álbum, a leve experimentação da artista demonstra sua versatilidade, sem comprometer a qualidade do trabalho como um todo.

Ao longo do álbum, encontramos faixas que compartilham uma produção mais lenta e minimalista, como “Igual Que Un Ángel (with Peso Pluma)” e “Young Rich & In Love”. No entanto, é em “Pensamientos Intrusivos” que essa estética encontra seu ápice. A simplicidade da produção, aliada à autenticidade da letra, tornam essa faixa um dos destaques do álbum.

Kali Uchis demonstra em ORQUÍDEAS uma capacidade ímpar de navegar por diversos gêneros musicais sem perder sua identidade artística. Embora o álbum apresente momentos de brilho, como em "Te Mata" e "Pensamientos Intrusivos", a falta de assertividade em algumas faixas e a exploração de terrenos já conhecidos pela artista limitam o impacto do trabalho. A tentativa de agradar a diferentes públicos, embora compreensível, resulta em um álbum que, apesar de competente, não se destaca como um marco em sua carreira.

Selo: Geffen Records
Formato: LP
Gênero: Pop / R&B
Antonio Rivers

Me chamo Antonio Rivers, graduando em História, amazonense nascido em 2006. Faço parte da crítica e curadoria do AqueleTuim, com foco nos gêneros de R&B, Soul, Experimental e Eletrônico.

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