Crítica | SHINBANGUMI


★★☆☆☆
2/5

Cameron Lew, a cabeça por trás de Ginger Root, define seu som como “aggressive elevator soul”, que nada mais é do que uma releitura de estéticas retrô dos anos 70 e 80, sobretudo aquelas associadas ao city pop japonês e ao philly soul — daí a relação com a música lounge de elevador. A parte agressiva — ou melhor, provocativa — vem da transposição desses elementos para dentro do universo do pop hipnagógico, com a adição de filtros de voz e efeitos de compressão nos instrumentais que fazem parecer que estamos ouvindo as músicas diretamente dos auto-falantes de um rádio antigo.

É evidente que esses artifícios ajudam a trazer personalidade na concepção de um estilo próprio para Ginger Root, que sem eles poderia facilmente ser confundido com um pastiche de suas inspirações. Mas, ao mesmo tempo, é difícil não enxergá-los como limitadores do potencial dessas canções enquanto peças expansivas quando não há espaço para que os pontos fortes realmente se destaquem; tudo soa extremamente nivelado, e eventualmente isso se torna cansativo.

SHINBANGUMI opera como uma maquete: uma representação em escala reduzida do charme urbano do city pop onde os grooves são mais compactos, a energia é controlada e a essência veranil do gênero se perde no meio de outros enfeites. É um disco que aparenta e possui todas as ferramentas para ser divertido, mas desperdiça muito tempo investindo em uma estética frágil.

Selo: Ghostly International
Formato: LP
Gênero: Pop / Pop Hipnagógico, City Pop
Marcelo Henrique

Marcelo Henrique, 21 anos, estudante e redator das curadorias de Pop e R&B/Soul do Aquele Tuim.

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