Crítica | Sopro


★★★☆☆
3/5

Esses dias o Twitter caiu e fui momentaneamente tomado pelo sentimento de desespero e perda, medo de perder as conexões e afetividades que fui construindo ao longo de anos em frente de uma tela de celular/computador.

Depois de passado o desespero, comecei a refletir como a tecnologia nos captura a atenção e nos faz crer que no minuto que ela deixar de existir também deixaremos de existir assim como as coisas que fazemos no ambiente online – uma falsa ideia, na verdade.

E é discorrendo sobre isso e muito mais que o trio paraense Sopro, formado por Arthur Nogueira, Mateus Estrela e Leonardo Chaves, nos apresenta em seu EP de estreia autointitulado, reflexões críticas sobre a efemeridade das relações atuais e como o espaço online nos desconecta da vida ao nosso redor, das pessoas que amamos e nos joga em buraco fundo de falsas sensações.

Um grande exemplo da articulação de o Sopro está na faixa “Luz Azul”, que narra o momento em que a tela se apaga e nos vemos sendo refletidos nela e, com sintetizadores sonhadores e uma base dance eletrônica fervente, a canção traça um paralelo reflexivo do aquilo que somos e o que pensamos ser.

Outro destaque do trabalho é “Felicidade”, que fala sobre relações líquidas, mas sendo vivenciada antes do sopro chegar e acabar com esse encontro speed, a faixa tem uma ótima construção sonora que casa perfeitamente com seus planos sutis e house latentes. Em seu trabalho de estreia, Sopro traz grandes peças e mostra que sabe articular suas letras reflexivas e introspectivas com suas artimanhas eletrônicas.

Selo: dobra discos
Formato: EP
Gênero: Eletrônica / Música Brasileira
Joe Luna

Futuro graduando de Economia Ecológica (UFC), 22 anos. Educador ambiental, e redator no Aquele Tuim, onde faço parte das curadorias de MPB, Pós-MPB e Música Brasileira e Música Latina/Hispanófona. Além disso, trago por muitas vezes em minha escrita uma fusão com meu lado ambientalista.

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