Crítica | Ssambé


★★★☆☆
3/5

Seria um erro pensar que o Ssambé de Nicolò é feito apenas de batidas techno recauchutadas e outras assinaturas que se espalham por sinapses percussivas que parecem não ter hora para acabar. No entanto, o que fica evidente em cada linha criada aqui é justamente essa valorização de elementos que, antagonicamente, criam tais batidas.

É por isso que a abertura, “Drydrums” parece esquentar seus sete minutos de duração com o vai e vem de tambores que soam literais quando colocados ao lado do título. A mesma sensação persiste em “Fakedrums”. Mas o que seria isso? Uma ruma de batidas secas que ecoam ao fundo enquanto somos guiados por um cronometrista que parece funcionar como o escapamento de alguma máquina a vapor? Talvez.

Porém, há um momento em que tudo parece colidir: as batidas reais ao fundo e as falsas que tocam a superfície. É um contraste fascinante, ainda mais se observarmos que o EP mal evolui para algo mais intenso do que isso. É essa confusão, mistura e estabelecimento fixo de batidas a todo instante, literais e ao mesmo tempo desconhecidas, que chama a atenção por ser tão bem pensada.

Selo: anno records LLC
Formato: EP
Gênero: Eletrônica / Experimental
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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