Crítica | Wild God


★★★★☆
4/5

Quando falamos de Nick Cave and the Bad Seeds, imediatamente associamos a canções carregadas de profundidade emocional. Nos últimos anos, Nick Cave tem enfrentado um sofrimento imenso com a perda de dois filhos — um deles, com apenas 15 anos, faleceu tragicamente ao cair de um penhasco. A dor tem sido uma constante em sua vida, e ele processa esse luto por meio de sua arte. No entanto, com Wild God, Cave segue uma direção que ele mesmo considera mais otimista, buscando transmitir que, mesmo em meio às dores, ainda existem momentos de esperança e beleza para serem apreciados.

Com influências gospel marcantes, Wild God transporta o ouvinte a uma experiência espiritual, refletindo questões existenciais de Cave e sua busca por respostas e curas divinas. A produção do álbum ficou por conta de Nick Cave e Warren Ellis, também membro da banda, enquanto a mixagem foi assinada por Dave Fridmann. O disco conta com colaborações importantes, como a participação de Colin Greenwood do Radiohead, contribuindo instrumentalmente com seu baixo.

Um dos pontos altos de Wild God é a faixa “O Wow O Wow (How Wonderful She Is)”, em que guitarras suaves conduzem a canção até seu desfecho emocionante: uma gravação de voz de Anita Lane, ex-integrante da banda e ex-namorada de Cave, falecida em 2021. A gravação captura momentos felizes entre Anita e Cave, transformando a música em um tributo tocante. É de encher os olhos de lágrimas.

Os elementos orquestrais — coros, piano, sintetizadores, flauta e violino — intensificam a poesia de Cave, ajudando Wild God a criar uma atmosfera celestial, especialmente na faixa “Conversation”. Mesmo para quem não compreende as letras em inglês, Wild God emociona pela pura força de sua musicalidade. Sem dúvidas, este é um dos projetos de rock mais impressionantes do ano e já garantiu seu lugar na minha lista pessoal de favoritos de 2024.

Selo: PIAS
Formato: LP
Gênero: Rock / Art Rock
Vit

Sou a Vit, apaixonada pelo universo musical desde que me entendo por gente, especialmente por vocais femininos. Editora e repórter no Aquele Tuim, onde faço parte das curadorias de Pop, MPB, Pós-MPB e Música Brasileira.

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