Os melhores videoclipes de Katy Perry


Nos preparativos para o recebimento do Vanguard Award, listamos e elegemos os melhores videoclipes da californiana.

Em 2024, o VMA elege Katy Perry como a grande homenageada da noite. Nesta quarta-feira (11), ela levará o Michael Jackson Video Vanguard Award, o prêmio que consagra o conjunto da obra audiovisual de artistas que possuem contribuições para a cultura pop e para a arte dos videoclipes musicais. Em tempos de profundas modificações da relação do público ocidental com o videoclipe, parece até sintomático que a popstar mais polêmica do ano receba o prêmio.

A contribuição de Katy Perry para essa linguagem é tangível. Sua videografia é uma espécie de simulacro imagético, que apresenta uma miscelânea da hipérbole de suas quase-epopeias e de outras representações mais simples, que tentam dialogar com suas referências pregressas e com o espírito do tempo. Alcançando a fama em 2008 como a Perry pin-up, emergida dos escombros do MySpace e de bandas de rock falidas, ela se desenvolve em outros incontáveis arranjos, de cenários fantásticos a narrativas bem elaboradas e, em grande parte das vezes, recheadas com senso de humor e uma perspectiva camp afiada.

Não há dúvidas sobre a posição espinhosa de Katy Perry no atual debate público das celebridades, tida como estrela decadente e figura controversa. Porém, isso não rasura a sua presença na construção semiótica da cultura pop recente, seja como uma plataforma de tendências audiovisuais, ou até enquanto antagonista de outras propostas imagéticas (como a extravagância soturna de Lady Gaga, por exemplo). Para celebrar e refletir sobre todas essas questões, listamos e elegemos os melhores videoclipes da californiana.




10.
Dark Horse

Em 2014, Katy Perry lançava o clipe de “Dark Horse”, um dos mais icônicos de sua carreira. Tudo nele era comentado: sua produção cara, seu conceito exagerado e maximalista, e a sua narrativa que, mesmo sendo boba, fez toda a diferença no conceito e imersão. Aqui, ela recria a história de Cleópatra do jeito mais “anos 2010” possível, que segue memorável até hoje. — João Vitor




9.
E.T.

O videoclipe de “E.T.” é um grande ato de megalomania pop em efeitos especiais. Marcando uma geração pela sua estranheza e exuberância, ele consegue passar bem a sensação de “transcendência em outro nível” — como a própria música diz —, mostrando Kanye West e Katy Perry vagando pelo espaço, que é composto por fuligem e uma natureza sexual disforme e implacável. — Davi Landim




8.
Wide Awake

O obscuro conto de fadas de “Wide Awake” simboliza magistralmente aspectos da vida de Katy Perry vistos pela ótica da artista, representados por um labirinto. Aqui, Katy embarca, juntamente de sua versão jovem, em uma história com elementos desafiadores, como paparazzis, guardas-minotauros, morangos envenenados e um falso príncipe encantado. Amor, fama, carreira e desafios pessoais são abordados por meio de uma atmosfera minuciosa, em um enredo bem articulado, construído e encenado, com o toque típico de Katheryn. É um ótimo resumo tanto de sua vida pessoal quanto de seu momento de carreira. — Raquel Nascimento




7.
This Is How We Do

É impossível pensar em Katy Perry sem imediatamente associá-la ao nonsense cômico que definiu o imagético virtual dos anos 2010. Até porque, se analisarmos atentamente, seus videoclipes tiveram uma participação mais do que justa na construção dessa estética, desde os devaneios de “Hot N Cold” até as paisagens (literalmente) doces de “California Gurls”. O clipe de “This Is How We Do” dialoga justamente com isso: é uma meta-representação da marca Katy Perry, aquela que abusa das cores, que transforma a arte vanguardista holandesa em figurino e que não se leva muito a sério — ela faz falta. — Marcelo Henrique




6.
Bon Appétit

Em “Bon Appétit”, Perry explora a sensualidade de uma forma intrigante, apresentando-a quase como um prato sofisticado destinado à “elite”. Embora a polêmica seja parte indissociável dos seus videoclipes, Katy demonstra, aqui, sua capacidade de se destacar e sair por cima dos contextos que ela mesma traz. No desfecho, ela revela a verdadeira essência do “prato” e saboreia a atenção daqueles que tanto desejaram tê-la. — Alícia Cavalcante




5.
Hot N Cold

“Hot N Cold” traz Katy Perry em sua melhor versão: através de um storytelling que gera identificação, mas nunca dissociado do humor tão presente em sua videografia. O clipe, com a estética clássica do fim dos anos 2000, mostra a cantora enfrentando o comportamento instável do amado de maneira irreverente e até mesmo vingativa. Divertido, o vídeo remete a um tempo distante; época em que Katy era capaz de rir de si mesma sem soar frágil e caricata.  — Lucas Souza




4.
Unconditionally

Katy Perry é conhecida em parte pelos clipes divertidos, coloridos e replicáveis em GIFs, memes e fantasias. Mas foi com “Unconditionally”, balada épica de seu terceiro álbum PRISM, que a artista pôde entregar um acompanhamento visual sofisticado e elegante. Ora em um baile luxuoso com coreografias delicadas e figurinos luxuosos, ora sozinha em uma espécie de limbo, o clipe prioriza a captura de cenas elegantes e metafóricas, trazendo uma visão nova e singular na videografia da cantora. — João Agner




3.
California Gurls

Ao homenagear o estado da Califórnia, Katy Perry renega ideias tipicamente hollywoodianas. Inspirado no jogo de tabuleiro Candy Land e na fantasia confeitada das obras de Will Cotton, o videoclipe de “California Gurls” é um oásis banhado pela artificialidade, com cenários feitos de doces e um ode irrestrito à imaginação. Entre aglutinações de signos, alguns adjetivos passam pela nossa cabeça ao assistir os quase quatro minutos de pura fantasia: divertido, sugestivo, sexual, irreverente. Não é à toa que essa é a sua peça audiovisual mais importante: se trata, acima de tudo, do léxico visual formador de Katy Perry. — Felipe




2.
Last Friday Night (T.G.I.F.)

Katy Perry já foi uma it girl. Pode parecer estranho falar isso em 2024, mas, no início da carreira, ela capturava como ninguém a internet. O clipe de "Last Friday Night (T.G.I.F.)" prova isso: um vídeo de 2011 que só poderia ter sido feito, gravado e viralizado em 2011. O pop recessivo estava em alta, e os millennials fugiam das consequências da crise de 2008 ao som de LMFAO, Kesha e David Guetta. A nostalgia oitentista trazia neon e cores vibrantes, enquanto Glee e memes dominavam o Facebook. Perry condensou esse zeitgeist em seis minutos. "Last Friday Night (T.G.I.F.)" não é, e nem tem a intenção de ser um documentário, mas acaba sendo quase um retrato vivo da cultura da internet do início da década passada. Um pedaço de história de tempos mais divertidos. — Pedro Alonso




1.
Chained To The Rhythm

Afinal, existem limites para a representação? “Chained To The Rhythm” pode não responder essa questão, mas parece tensioná-la para si. Com um videoclipe inspirado no livro 1984, de George Orwell, Katy Perry repete a parceria vindoura com a assinatura de Mathew Cullen na direção e a criação de outro mundo fantástico — mas, dessa vez, não no sentido mais alegre. Ambientado em Oblivia, um parque de diversões retrofuturista, ele se pretende como uma aventura onde nada é o que parece ser. Satirizando o Sonho Americano e tratando as fissuras políticas e os debates em disputa da época como atrações, é uma peça audiovisual banhada pelo cinismo: a exuberância dos tons pastéis e da arquitetura e figurinos vintage dão margem a um ar de estranheza, com a fácil assimilação de que há algo de errado e que é momento de, finalmente, enxergar o problema.

Para além de uma verborragia de metáforas e da espetacularização de referências, o mais importante é falar sobre plasticidade. Ser uma popstar global e multimilionária pode te dar margens de interpretação dessa peça como um discurso fabricado, neoliberal ou de falta de genuinidade — e essa foi a reação de parte do público, que já não gostava da cantora e estava sendo bombardeado de obras com teor político por outros artistas pop da época. Porém, eu digo que esse desconforto é parte fundamental do brilhantismo do clipe: ele se torna uma meta-representação de si. Uma contradição angustiante, em que o alvo da crítica também pode ser a sua própria autoria.

Não existe, por si só, um esforço irremediável de Perry em soar vanguardista ou radical em suas proposições. Trata-se, antes de tudo, de um videoclipe executado com maestria e dotado de qualidades estéticas e narrativas; talvez um dos grandes panoramas visuais da cantora e nada mais. Nesse caso, é melhor apenas seguir o fluxo e tentar agir para além da indústria cultural, pois como ela já disse, continuamos acorrentados ao ritmo. — Felipe
Aquele Tuim

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