Revisando Discografias: Mariah Carey


Para celebrar sua carreira e aguardar suas apresentações no Rock in Rio e um show solo em São Paulo, nossa redação preparou um especial comentando sua discografia!

Mariah Carey é mundialmente conhecida por seu alcance vocal impressionante e estilo melismático de cantar. Atualmente também é vista como um ícone natalino com seu sucesso "All I Want For Christmas Is You", mas sua carreira vai muito além do natal. Mariah é uma das principais referências do R&B, hip hop e música pop, com uma trajetória repleta de hits que marcaram os anos 90 e 2000. Com milhões de discos vendidos, ela também é uma das artistas mais bem sucedidas de todos os tempos. Mariah é uma inspiração para diversos nomes da música, como Ariana Grande, Christina Aguilera e Rihanna. E ela ainda continua sendo reverenciada por seu talento e influência. Para celebrar sua carreira e aguardar suas apresentações no Rock in Rio e um show solo em São Paulo, nossa equipe preparou um especial comentando sua discografia:




Mariah Carey
1990

★★★★☆

Mariah Carey fez sua estreia de forma elegante, com um álbum que mistura baladas R&B e dance music, embaladas por uma produção refinada e composições cativantes. Em várias faixas, a própria Mariah participou do processo de composição, revelando não só seu talento vocal, mas também sua habilidade como compositora.

Este álbum é uma das estreias mais importantes da música pop, apresentando uma artista que impressiona com seu alcance vocal extraordinário e populariza a técnica do whistle register, que Mariah domina com maestria. Entre as faixas, "Vision of Love" se destaca como um sucesso imediato, com sua melodia envolvente e letra emocionante, consolidando-se como um dos maiores hits da cantora. Desde o início, Mariah demonstrou uma maturidade artística rara e uma sofisticação que a diferenciou de outras cantoras pop.

Neste álbum, Mariah Carey não só se estabeleceu como a nova diva da música pop e R&B, mas também marcou o início de uma era, influenciando gerações de artistas que a veem como uma referência. Sua estreia é uma obra-prima atemporal, que seguiu uma fórmula certeira de sucesso imediato e duradouro, pavimentando o caminho para uma carreira lendária. — Vit




Emotions
1991

★★★☆☆

A carreira de Mariah Carey ficou marcada pelas suas poderosas baladas, geralmente acompanhadas por um forte toque de R&B. Em Emotions, essa é a abordagem musical que prevalece. No entanto, o segundo álbum da artista mostra pouquíssimo da força que ela se tornou para o adulto-contemporâneo. As faixas marcadas pelo ritmo lento, em sua maioria, eram genéricas e quase ausentes de emoção. O vocal lustroso da cantora consegue sustentar as canções, mas não o suficiente para torná-las interessantes.

Se por um lado as baladas são sem alma, o seu lado mais dançante e animado é intensamente formidável, uma das melhores amostras do quão excelente Mariah Carey é para fazer dance-pop. Seu vocal cheio de força nessas faixas remetem às vozes das divas house e do disco, mostrando seu domínio sobre esse estilo. A instrumentação vibrante e rica também se destaca, com referências divertidas de diversas vertentes do dance do período, principalmente o disco, house e new jack swing.

Emotions mostra que, apesar de não ter sido o caminho seguido em sua carreira, Mariah também teria muito sucesso no dance-pop. Embora as baladas aqui falham em termos de personalidade, nos capítulos seguintes da sua discografia ela consegue lapidar brilhantemente o que se tornaria uma de suas sonoridades mais marcantes. — Davi Bittencourt




Music Box
1993

★★★☆☆

Lançado em 1993, Music Box é um dos maiores sucessos comerciais de Mariah Carey e também um de seus discos-chave. Nele, podemos encontrar muito do que ela faria e fez ao longo dos anos 90, mas de uma forma mais diversa do que o habitual.

São dez faixas que abordam temas já explorados pela artista, e talvez por isso soe repetitivo em seus momentos mais delicados, exceto aqueles que extrapolam a própria imagem de Mariah como diva das baladas, como “Anytime You Need a Friend” e a clássica “Without You”.

Music Box também é um jogo de contrastes, principalmente quando notamos momentos focados na busca por novas ideias além daquelas já exploradas em seus dois primeiros álbuns, como a inclusão quase desajustada de “Now That I Know”, que altera o ritmo da obra. Essa mistura de sons também conta com coros e sintetizadores enferrujados que dão ao álbum uma estética extremamente noventista, seu maior triunfo quando visto por uma lente moderna. — Matheus José




Daydream
1995

★★★★☆

Daydream marca uma guinada notável na carreira de Mariah Carey, onde ela se distancia do pop tradicional para abraçar de forma genuína o R&B e o hip hop. Este trabalho é um reflexo de uma nova fase criativa, em que Carey explora esses gêneros com uma sutileza surpreendente. A sonoridade do álbum tem um toque delicado e natural, ao mesmo tempo em que exibe uma complexidade impressionante. A fluidez das canções permite que a voz excepcional de Mariah brilhe, revelando tanto sua vulnerabilidade quanto sua técnica e criatividade.

O primeiro single, “Fantasy”, é um dos grandes destaques do álbum. Ao utilizar o sample de Genius of Love, do Tom Tom Club, Mariah consegue dar uma nova vida à faixa original, tornando-a irresistível. A batida e a maneira como sua voz se encaixa perfeitamente na melodia fazem de “Fantasy” uma das melhores músicas de sua carreira. Pessoalmente, é uma canção que poderia facilmente ser escutada por horas a fio, tamanha a sua energia e apelo – algo que já fiz, confesso. Outro grande momento do álbum é “Always Be My Baby”, onde a produção relaxada, no melhor sentido da palavra, mostra uma Mariah confiante, que sabe exatamente o que está fazendo; sua voz desliza com suavidade pela melodia, criando um ambiente reconfortante e íntimo. Já “One Sweet Day”, uma colaboração com Boyz II Men, se destaca como uma balada emocional, abordando a dor da perda e o arrependimento. A música toca profundamente, evocando sentimentos de ausência e a promessa de um reencontro no além, sendo uma das faixas mais comoventes do disco.

Daydream é um álbum que fala sobre libertação emocional e amor transformador. As canções celebram a capacidade de amar intensamente, ao mesmo tempo em que refletem a solidão e a melancolia deixadas para trás. Mariah mergulha em fantasias românticas, explorando o êxtase e a felicidade que vêm com paixões idealizadas, quase irreais. O desejo, a imaginação e a emoção estão presentes em cada faixa, criando um clima que flutua entre a euforia dos devaneios e a percepção de que tudo, por vezes, pode parecer uma fantasia distante. — Brinatti




Butterfly
1997

★★★★★

A borboleta é um dos signos mais fortes de Mariah Carey. Ela está presente em seus figurinos, videoclipes e, claro, na sua música, e esse fascínio nasce da ruptura: durante a produção do seu quinto disco, o processo de divórcio entre a artista e Tommy Mottola, que também era seu empresário, foi finalizado. Pela primeira vez em sua carreira, Mariah se via livre — de uma relação baseada em traumas por abusos psicológicos e emocionais, de conflitos criativos que a podaram em projetos anteriores, de precisar seguir uma cartilha musical que a prendia num ciclo vicioso, pois “monotonia vendia discos”.

Butterfly é fundamental para selar a miríade de frentes que Mariah sabe executar com maestria. “Honey”, primeiro single e ato de abertura, já propulsiona esses ares de renovação, causando choque pela fluidez sonora entre R&B e hip hop e, principalmente, pela lírica de conotação sexual altamente sagaz. Essa energia implacável também está presente em “The Roof (Back In Time)”, uma das melhores peças da carreira de Carey — que se destaca, acima de tudo, por suas camadas vocais. São as facetas complexas da vulnerabilidade que tematizam e comandam a obra, que passa do amor transbordante de “My All” ao sentimento de não-pertencimento de “Outside”.

Em poucas palavras, Butterfly se prospecta como a grande virada de chave para Mariah Carey. Para além das baladas poderosas e o reconhecimento como uma das maiores vocalistas da história da música mainstream, ela finalmente pôde ser reconhecida como uma excelente compositora e uma camaleoa de gêneros. E isso só foi possível depois de suspirar de alívio por ter conquistado o maior desejo de qualquer artista: liberdade. — Felipe




Rainbow
1999

★★★★★

Como o nome sugere, o sétimo álbum de Mariah Carey cria uma perfeita analogia com o símbolo de um arco-íris: a variedade de elementos refletidos é tanta que chega a ser desafiador tentar sintetizá-los. Seja pela continuidade de seu trabalho em relação ao álbum anterior, Butterfly, que mescla elementos do hip-hop e do R&B; seja pelo aumento do uso de samples e das participações de outros artistas nas canções; seja pelo trabalho contar com novos produtores e pela reivindicação de uma maior liberdade criativa vinda da própria artista diante da tensão com a Sony, sua gravadora na época; ou, ainda, por todos os profundos sentimentos que o álbum desperta, devido tanto a suas composições atemporais quanto a toda a forte atmosfera da década de 1990 que a obra recria.

Contrapondo álbuns lançados no início de sua carreira e seguindo a linha de seu antecessor, em Rainbow, a proposta é expandir, exportar e explorar a fusão entre hip-hop e R&B, bem como apresentar uma estética sensual, rubra como a paixão. Entre as faixas icônicas utilizadas na composição do álbum, estão o sample de “Me and My Girlfriend” (de Makaveli), usado em “How Much”, e a canção “Against All Odds (Take A Look At Me Now)”, de Phil Collins, que ganhou uma perfeita regravação na voz de Mariah, mostrando a criatividade e a inteligência da artista e de seus compositores em cada escolha (sentimentos que, simbolicamente, são representados pelas cores laranja e amarelo).

A transformação (violeta) e a harmonia (verde) são temas que também percorrem os acontecimentos envolvidos na história do álbum: após separar-se de Tommy Mottola, Mariah pôde assumir um controle maior de seu estilo musical, indo contra a estratégia de sua gravadora, o que gerou descontentamentos. Ainda assim, com sabedoria (índigo), Carey usou sua voz e sua colaboração com David Foster e Diane Warren para comunicar (ação representada, enfim, pela cor azul) sua visão artística na época, dando seu toque pessoal às composições: duas das melhores músicas de sua carreira são a emocionante “Petals”, que narra todo o seu momento pessoal, e “Heartbreaker”, hit sobre um romance tóxico que figura na memória de grande parte daqueles que tiveram uma infância em meados dos anos 1990, inclusive da minha. Sem dúvidas, Rainbow é um verdadeiro prisma da grande coletânea de Mariah, e reforça toda a sua genialidade enquanto artista que perdura entre diferentes gerações. — Raquel Nascimento




Charmbracelet
2002

★★★★☆

O álbum Charmbracelet é, em alguns aspectos, um LP mais consistente do que seu antecessor, apesar de não alcançar o nível de qualidade dos trabalhos anteriores. Neste álbum, vemos uma Mariah sóbria, com batidas já familiares, mas que ainda assim transmitem uma sensação de originalidade.

De fato, é um álbum que estabelece um novo caminho para o futuro da discografia da artista. A produção do álbum é assinada por Mariah Carey, Big Jam e Sam & Lewis, que incorporam elementos clássicos na carreira de Mariah Carey, além de utilizar técnicas de produção que misturam hip-hop com R&B em faixas como “Boy (I Need You)”. Charmbracelet apresenta grandes destaques como, “You Got Me”, uma das faixas mais deliciosas do LP, que faz você querer dançar quase imediatamente, e “through the rain”, uma balada clássica de Mariah que conquista de imediato com o piano de fundo e os vocais angelicais de Mariah. Essas faixas resistem ao tempo e se tornam clássicos instantâneos na discografia de Mariah.

Em suma, Charmbracelet se apresenta como um álbum morno na carreira de Mariah Carey, trazendo aspectos do Butterfly de maneira mais “madura” e sóbria. O álbum serve como um indicativo de como Carey continuará a trabalhar em álbuns posteriores, com um foco especial na produção. Charmbracelet também renova sua carreira de maneira sutil, trazendo novos elementos ao R&B da artista e obtendo um saldo geral positivo. Mariah Carey, definitivamente, conseguiu fazer algo que poucos artistas conseguem: reconquistar seu público através de sua arte. — Lu Melo




The Emancipation of Mimi
2005

★★★★★

Durante o início dos anos 2000, a carreira de Mariah Carey estava em ultimato, apesar de suas inúmeras conquistas invejáveis durante a década de 1990. Em 2001, sua trajetória como cantora e compositora havia sido dada como encerrada por seu álbum e filme Glitter, que foi amplamente rechaçado pela crítica.

Seu álbum seguinte, Charmbracelet, de 2002, foi uma volta aos eixos, mas nada muito sólido comparado aos clássicos pop da diva. Em 2004, Mariah decidiu “revitalizar” e mudar o jogo. Após um período sabático para realinhar sua vida, afetada pela opinião pública e saúde mental em frangalhos, Mariah produz The Emancipation of Mimi.

Um dos comebacks mais invejáveis da música pop, o seu oitavo álbum de estúdio captura o melhor de tudo que acontecia no R&B da metade dos anos 2000, como as batidas funkeadas e sintetizadas de Pharrel Williams e Timbaland. Sucessos como “We Belong Together”, “It’s Like That” e “Shake It Off” não são as únicas peças do trabalho de destaque. B-Sides como “Fly Like a Bird” e “Get Your Number” ainda compunham o projeto que recupera e alavanca o prestígio de Mimi. — Vinicius Corrêa




E=MC²
2008

★★★☆☆

E=MC² é uma fusão equilibrada das batidas eletrônicas presentes nas rádios de 2008 com o R&B característico de Mariah Carey, mesmo que, em sua essência, não traga a mesma genialidade de seu antecessor. Feito exclusivamente para dar continuidade ao best-seller The Emancipation of Mimi, de 2005, o álbum conta com hits como "Touch My Body" — o último #1 inédito de Mariah na Billboard — e "Bye Bye".

Mariah mais uma vez provou por que é uma das maiores hitmakers da história. Ela ainda sabia ler o cenário e aproveitar o que estava em alta de forma natural, sem perder sua identidade. "Migrate", com T-Pain, talvez seja o maior exemplo disso. Com o tempo, E=MC² tornou-se um ponto de conexão entre Mariah e a geração Z. E talvez essa tenha sido a maior vitória da era. Afinal, quando o álbum dominava as rádios, muitos dessa geração ainda eram crianças, absorvendo suas músicas de forma orgânica, sem uma busca ativa, o que facilita a absorção na memória afetiva de qualquer um.

Anos depois, esses mesmos jovens redescobriram Mariah, agora apreciando seu jeito icônico de diva e transformando-a em uma estrela de memes. "Bye Bye", por exemplo, mesmo com um desempenho modesto na época (#19 na Billboard Hot 100), se solidificou como uma das músicas emblemáticas da cantora para essa geração. Não é um álbum que entra no panteão dos melhores de Mariah, mas também não precisa ser. Ele cumpriu bem seu papel em não deixar que Mimi voltasse às sombras após recuperar o seu brilho nos anos 2000. — Pedro Alonso




Memoirs of an Imperfect Angel
2009

★★★★☆

Memoirs of an Imperfect Angel talvez não seja um dos títulos mais lembrados de Mariah Carey quando se pensa nos highlights de sua discografia. Injustamente, diga-se de passagem. O álbum é um dos mais subestimados da cantora, ainda que possua vários dos ingredientes responsáveis por construir sua magnitude: de hits pop irreverentes como “Obsessed” e “Up Out My Face” às baladas grandiosas, tal qual a releitura do clássico “I Want To Know What Love Is”, que se tornou um imenso sucesso no Brasil.

Diferentemente de seus antecessores, o projeto não contém participações de outros artistas, o que contribui para uma atmosfera mais intimista. O álbum também remete à Mariah dos anos 1990, sobretudo ao Daydream e ao Butterfly. Esse toque a mais de nostalgia soa como um aceno aos tempos de baladas soul grandiosas. Apesar disso, em nenhum momento Memoirs of an Imperfect Angel deixa de ser fresh ou aparenta estar deslocado de sua época. A cantora soube bem como retomar um recorte específico da própria carreira sem sucumbir a uma caricatura.

O disco, em suma, pode não estar à altura do magnum opus da carreira de Mariah Carey, o inigualável Butterfly, tampouco de outros clássicos da artista como Daydream e The Emancipation of Mimi, mas cumpre perfeitamente seu papel em reafirmar a importância da cantora para a música pop e para o R&B. Memoirs of an Imperfect Angel é um registro melódico, consistente e reúne algumas das canções mais inspiradas de Mariah lançadas neste século. — Lucas Souza




Me. I Am Mariah... The Elusive Chanteuse
2014

★★☆☆☆

Em 2012, Mariah sofria com vários lançamentos na internet quando anunciou uma possível era. Em 2013, lançou o dueto primaveril e delicioso “Beautiful”, música com o cantor de R&B Miguel. A faixa é suave e destemida em um comeback diferente e acolhedor. No entanto, novamente, surgiram problemas com o lançamento.

Me. I Am Mariah… The Elusive Chanteuse deveria ter sido lançado em junho de 2013 e logo foi adiado para dezembro do mesmo ano, sendo lançado oficialmente apenas em 2014, gerando falta de interesse do público devido ao longo atraso no lançamento. O álbum é misto e varia entre músicas nostálgicas dos remixes de Mariah nos anos 90 como “Dedicated” com o rapper NAS e “Thirsty” com uma pegada R&B eletrônica do final dos anos 2000.

Na maioria das vezes, Me. I Am Mariah… The Elusive Chanteuse parece um monte de músicas românticas sem um propósito concreto, além de não mostrar a poesia de Mariah, que sempre foi inteligente e carismática em vários outros álbuns. Os fãs dela costumam chamar o álbum de "The Elusive", com pouco amor quando falado e muito esquecível até mesmo por admiradores. — Peterson Prado




Caution
2018

★★★★☆

Mais do que um retorno à boa forma, Caution é um testamento da natureza camaleônica de Mariah Carey enquanto referência máxima do R&B nas últimas três décadas. Em cada etapa de sua carreira, ela soube se adaptar às novidades sem deixar sua essência de lado: nos anos 90, Daydream marcou o início de um rebranding que desencadeou a metamorfose sofisticada de Butterfly, onde o flerte com o hip hop foi definitivo para revelar uma versão mais ousada da cantora. Quando as fórmulas do gênero começaram a tomar muito espaço, The Emancipation of Mimi surgiu como o escape perfeito, um disco puramente divertido cuja imersão no universo do pop rendeu ótimos frutos.

Caution, por sua vez, descarrega toda a bagagem que ela acumulou ao longo dos anos em canções que refletem um nível de experiência que apenas o tempo poderia proporcionar. É a introdução de uma Mariah mais madura e assertiva no emprego sutil de seus vocais, em contraste com o exibicionismo que marcou boa parte de sua discografia. Essa mudança de postura foi essencial para que ela pudesse, mais uma vez, se camuflar no meio das contemporaneidades do R&B e reafirmar seu lugar de destaque dentro do gênero, que naquela altura passou a optar pela moderação — “With You” e “8th Grade” são grandes exemplos disso, nos quais Mariah pincela seu alcance multicromático aqui e ali de forma intencional.

Mas nem tudo em Caution está relacionado com cautela. Na verdade, a atitude que Mariah Carey assume nesse disco diz mais sobre segurança; em “Giving Me Life”, uma intermissão à la Fugees, ela evoca os anos 90 como se eles nunca tivessem saído de moda e, em “GTFO” e “A No No”, veste a fantasia clássica da diva que, na classe ou no deboche, não perde a oportunidade de soltar uma indireta. Em última análise, ela está apenas garantindo que todos a conheçam. — Marcelo Henrique

Aquele Tuim

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