Crítica | Diamond Jubilee


★★★★☆
4/5

Tudo o que você precisa saber sobre Diamond Jubilee é que este é um álbum que busca diligentemente recuperar uma passagem de sons e estilos característicos dos anos 1960 que são vistos hoje com certa contemplação midiática excessiva. A diferença é que Patrick Flegel, que dá vida ao projeto Cindy Lee, impõe suas composições arrastando riffs empoeirados e melodias que partem sempre de uma psicodelia suja para se distanciar tanto da visão nostálgica quanto das inclemências do tempo que tal distância causa.

Nesse sentido, Diamond Jubilee é brutal. São 32 faixas que transitam livremente por essas duas frentes usadas aqui como meio direto da narrativa de um norte (americano-canadense) decadente e timidamente explorado, que avança pelo bucolismo enquanto encontra a mistura da calmaria do interior com o zumbido permanente dos centros urbanos cada vez mais enredado de gente. É quase cinematográfico, mas de forma anti-metalinguística. Não é como se houvesse uma personificação de algo, ou uma referência direta e indireta; Cindy Lee é a própria razão temporal para que o velho se torne, sem grandes artimanhas, algo novo. Mas um novo muito consciente de sua posição e de como quer transmitir a paixão ardente que envolve suas canções.

Por isso que a maneira como esse som é criado, cheio dessas camadas narrativas, é impressionante. Formalmente, é algo de outro mundo – ou de outro tempo. É difícil pensar em como as coisas acontecem aqui com base em como elas eram, precisamente porque não há uma maneira simples de olhar para trás; tudo parece muito presente, feito no agora. A interpretação de Cindy Lee é o que cria esse tecido que cai sobre nós como a chave do tempo – sem que realmente saiamos desse tempo. É uma loucura. É uma das mais belas declarações sobre como a música pode ser tudo e nada, e que ela sempre virá de algum lugar, não importa como…

Selo: Realistik Studios
Formato: LP
Gênero: Pop / Hypnagogic Pop, Rock

Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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