Crítica | Dreamstate


★★★☆☆
3/5

Kelly Lee Owens sempre travou uma batalha com as diferentes classificações de gênero e estilo em relação à natureza do som que produz. Entre tech house e ambient pop, atenta a texturas e melodias que vão além do pop e muitas vezes pairam sobre a música eletrônica sem muito esforço, ela nunca se concentrou em apenas uma abordagem, um estilo que a fizesse corresponder 100% à sua dedicação criativa, principalmente quando há ideias composicionais bem diferentes do habitual em sua intensa discografia. Álbuns como o autointitulado Kelly Lee Owens de 2017 e o sonhador Inner Song de 2020 brincam com suas próprias noções de eletrônica o tempo todo.

Dreamstate vai na mesma direção de seus antecessores, mas não se deixa ficar preso no meio. É mais a
cessível e denso ao mesmo tempo (focado em camadas compostas livremente, com pads gradativos e longos minutos de pura instrumentação); é a arma secreta que Lee Owens usa para finalmente vencer a batalha. Apoiado por uma força distinta de eletrônica progressiva — uma mistura de house com techno e trance — o álbum tem momentos expressivos de contemplação e avanços que não exigem nenhum posicionamento entre os espaços que a artista havia imaginado anteriormente. É uma prova explícita de como ela trabalha e do que quer propor. Seus melhores momentos são aqueles que capturam uma atmosfera noturna, de ruas vazias e bueiros liberando vapor, em que ser absorvido pela escuridão parece ser uma opção mais segura do que caminhar na luz, como faz em “Dark Angel”, “Sunshine” e “Air”.

Selo: dh2
Formato: LP
Gênero: Eletrônica
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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