Crítica | Feito à Mão


★★★★☆
4/5

Já faz algum tempo que a indústria musical vem cobrando dos artistas lançamentos cada vez mais frequentes, na cena do rap isso não seria diferente, o problema é que cada vez mais vemos trabalhos inacabados, pouco polidos ou que precisam de mais algum tempo de maturação. Infelizmente nesse processo grandes artistas vão, ao longo do tempo, lançando materiais cada vez piores. FBC, felizmente, sabe navegar nesse mar.

Mantendo sua consistência há alguns anos, fazendo um trabalho extremamente sólido em termos de qualidade e frequência, FBC já é um grande nome da cena do rap, daqueles que estão no mercado há muito tempo e envolvidos em muitos projetos/coletivos/e na história da cena, especialmente no seu braço mineiro.

Desde 2021 com BAILE, seu trabalho se tornou incontornável, alcançando todas as paradas e tocando nas rádios, ponto que incomodava o próprio artista e que vem, desde seu último álbum, o fazendo redesenhar seu som, explorando outras produções, outros formatos de rima e harmonia. Feito à Mão soa um pouco de tudo isso.

Aqui, ele volta a fazer rimas “mais próximas do rap” sem se distanciar de uma sonoridade que explora vários registros sonoros, funcionando como um ótimo exercício para lubrificar as engrenagens, brincando com a caneta que estava um pouco mais parada no último álbum, vendo o que sai das sessões colaborativas de estúdio com diferentes artistas (produtores, MCs, instrumentistas…). Ou seja, explorando elementos que fazem parte do seu repertório, sejam eles os que vimos mais recentemente ou aqueles que estavam um pouco mais encolhidos. Destaque para os feats – todos da cena musical mineira – que harmonizam neste álbum de forma única, sempre trazendo algo novo para as músicas, mudando o ritmo, ou experimentando um novo flow ou métrica de rima.

Em suma, FBC encontrou em um projeto de 5 faixas e seus instrumentais a fórmula para entregar o que a indústria exige sem perder qualidade. Ele ainda se dedica a novos e diferentes sons que raramente explorou, mas sem abandonar sua essência, encontrando neste EP a maneira perfeita de mostrar isso. Lubrificando as engrenagens, testando coisas novas sem virar o jogo, trazendo pessoas para o estúdio, sendo mais curto, amarrando uma produção que orbita em torno do que já o vimos fazer, mas com alguns novos testes de coisas que não víamos há muito tempo. FBC segue mostrando pra parte da cena que ainda tem muito pra queimar e que sabe como manejar o seu talento.

Selo: XEQUE MATE ESTÚDIOS
Formato: EP
Gênero: Hip Hop / Rap

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