Crítica | For Cryin’ Out Loud!


★★☆☆☆
2/5

Em entrevista à Apple Music, Finneas conta que concebeu seu segundo álbum de estúdio, For Cryin’ Out Loud!, em 14 dias. Esperei que essa informação tivesse um bait, e que ele levou 14 dias para escrever mas não gravar, ou o contrário. Não, todo o processo durou 14 dias. Parece um período curto para a criação de dez músicas, ainda com a possibilidade de que houveram outras que não integraram o corte final, e Finneas fala desse número com orgulho nos olhos, quase que pretensioso. Seria justo se esse período curto resultasse em um conjunto de 10 músicas incríveis, mas não é necessariamente o caso.

For Cryin’ Out Loud! é um disco bom, mas não foge muito disso. Diferente de sua estreia, Optimist (2021), o novo disco é mais solar e sonoramente vibrante. Algumas soam muito parecidas e acabam repetitivas, outras se destacam com muita facilidade — “What’s It Gonna Do To Break Your Heart?”, “2001”, “Sweet Cherries” são a trifecta do disco —, e algumas são entediantes. “Family Feud”, que poderia chamar atenção por ser sobre sua irmã Billie Eilish, não prende ninguém que tente a ouvir; “Little Window” é uma faixa mais lentinha ótima, e a outra balada que integra o disco, “Same Old Story”, já não comove tanto. Mais uma vez, o disco é tecnicamente bom, mas não instiga.

Muitas das canções ali precisavam de mais um tempo, talvez ganhassem um pouco mais no banho-maria, além de não mostrarem nada de novo em relação ao Optimist. Algumas revisões, um esforço a mais aqui e ali; existe uma clara baixa de qualidade relacionado ao seu primeiro álbum e outros singles antigos, e ainda mais se observarmos o trabalho incomparavelmente superior que fez com Billie Eilish em HIT ME HARD AND SOFT ainda esse ano. Talvez Finneas devesse ter guardado a informação dos 14 dias para si mesmo e tentado se gabar por outros motivos, como, por exemplo, os Grammys que deve ganhar em nome dos sucessos de sua irmã ano que vem.

Selo: Interscope
Formato: LP
Gênero: Pop / Alternativo
João Agner

joão agner (2003) é escritor e graduando de jornalismo. Escreveu sua primeira história aos oito anos, e tem explorado diversos formatos desde então, como não ficção e poesia. Decidiu que queria ser jornalista e falar de música quando ouviu o disco "Melodrama", de Lorde, pela primeira vez.

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