Crítica | Funeral for Justice



★★★☆☆
3/5

Já faz alguns anos que existe uma insistência da imprensa ocidental em nomear Mdou Moctar como o “Jimi Hendrix do deserto”. Essa petulância parte, como sempre, da impossibilidade de movê-lo apenas no lugar de “outro”, já que o guitarrista e a sua banda impressionam não apenas pelas músicas e shows e cheios de sinergia, mas pelo processo de aprendizagem do nigerense — sendo canhoto e totalmente autodidata. Ele já comentou sobre isso em algumas entrevistas para veículos brasileiros, como o Scream & Yell:

É sempre assim. Ali Farka Touré é o Hendrix do deserto, seu filho Vieux Farka Touré é o Hendrix do deserto, Bombino é o Hendrix do deserto, Mdou Moctar é o Hendrix do deserto… Não podemos todos ser o Jimi Hendrix do deserto. Acho ele muito talentoso, adoro a música dele, mas sou Mdou Moctar.


Em Funeral of Justice, essa autoconfiança prevalece. Com faixas ainda mais políticas e ainda mais altas e rápidas, elas se tornam o arcabouço necessário para diluir esses argumentos de vez. Hendrix é um dos grandes gênios do rock… e Mdou Moctar é Mdou Moctar.

Selo: Matador
Formato: LP
Gênero: Música do Continente Africano / Tishoumaren, Psychedelic Rock

Felipe

Graduando em Sistemas e Mídias Digitais, com enfoque em Audiovisual, e Estagiário de Imagem na Pinacoteca do Ceará. É editor adjunto do Aquele Tuim, integrando a curadoria de Música do Continente Africano.

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