Crítica | GRIP



★★☆☆☆
2/5

Em GRIP, serpentwithfeet busca transformar a forma das arestas de uma constante do seu trabalho: o desejo e o amor homossexual. Existe um apelo notável e bem robusto para expressar essa proposição, que respinga na capa do projeto, extremamente sedutora e autoexplicativa enquanto significante temático, e se transfigura na escolha de unir o R&B contemporâneo com elementos de trap e, em alguns momentos, afro-pop.

“Damn Gloves”, faixa de abertura, sabe provocar um dinamismo envolvente entre os dois principais gêneros propostos, envelopando em arranjos de UK Bass e na parceria entre Yanga YaYa e Ty Dolla $ign. No entanto, o grande destaque é “Safe Word”, que também se toma como síntese: ela expressa a sensação de conforto de um relacionamento duradouro, bem como faz essa doçura coexistir com a lascívia do desejo sexual.

Porém, não há nada substancial que GRIP possa oferecer para além das suas duas faixas iniciais. Ele roda em muitos círculos, com um amontoado quase indistinguível de músicas foscas que, em conjunto, produzem uma experiência terrivelmente enfadonha — o que é um agravante, já que o disco tem apenas 29 minutos. No fim, GRIP é nada mais que um grande desperdício de potencial.

Selo: Secretly Canadian
Formato: LP
Gênero: R&B / R&B Contemporâneo, Trap
Felipe

Graduando em Sistemas e Mídias Digitais, com enfoque em Audiovisual, e Estagiário de Imagem na Pinacoteca do Ceará. É editor adjunto do Aquele Tuim, integrando a curadoria de Música do Continente Africano.

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