★★★☆☆
3/5
O trio Phelimuncasi, formado por Malathon, Makan Nana e Khera, já é um nome irreverente do gênero. Se aprofundando em características mais experimentalistas, como a artesania DIY no modo de produção, eles se denominam como um grupo futurista; e não à toa: apesar do reconhecimento pela energia vibrante das suas músicas, o que salta aos ouvidos é o ímpeto genuíno de tensionar o gqom ao máximo em suas possibilidades estilísticas.
E é com esse pensamento que Phelimuncasi se une ao duo Metal Preyers para formar Izigqinamba, a sua aposta mais arriscada até então. Se Ama Gogela, trabalho anterior do trio, é uma quase-epifania barulhenta costurada por parcerias entre DJs reconhecidos da cena, esse disco opta por uma ambiência sonora desoladora — o intuito é desacelerar, desmembrar e virar do avesso essas bases sonoras já estabelecidas.
Gqom se mistura com post-industrial para tatear “o desolado e desconhecido”, propondo uma abordagem nunca vista antes. E como qualquer experimentação, ela está suscetível à estranheza e ao erro. É impossível não notar que existe um esforço criativo, mas que acaba perdendo tração ao longo de algumas faixas. É compreensível, faz parte do processo.
E, talvez, esse realmente seja o futuro. Com a ascensão meteórica do amapiano, o gqom perde um pouco do protagonismo que ocupava como gênero dominante na cena eletrônica da África do Sul, abrindo margem para reformulações e remodelações mais profundas. Estejamos atentos, pois ouvir Izigqinamba é como observar, ao vivo, uma mudança sem precedentes engatinhar seus primeiros passos.
Selo: Nyege Nyege Tapes
Formato: LP
Gênero: Música do Continente Africano / Gqom, Post-Industrial, Minimal Synth
Formato: LP
Gênero: Música do Continente Africano / Gqom, Post-Industrial, Minimal Synth