Crítica | The Keeper


★☆☆☆☆
1/5

The Keeper é um conjunto de faixas monótonas a ponto de o ouvinte mal perceber que deu início à audição, o que é, no mínimo, frustrante, especialmente considerando que a artista possui uma voz extremamente agradável.

Cada vez mais, observamos uma tendência na indústria musical de álbuns com menos faixas. De um lado, essa prática oferece uma perspectiva positiva para artistas que não contam com grande investimento, já que podem concentrar-se em produzir menos faixas, mas com maior qualidade, dedicando-se a entregar trabalhos de excelência. Contudo, essa visão otimista não se aplica ao álbum The Keeper.

À primeira audição, pode-se até atribuir essa monotonia ao uso do jazz presente no álbum – o que, por si só, já seria um equívoco. Gêneros musicais, por natureza, não são responsáveis pelo sucesso ou fracasso de uma obra; o que define isso é a execução desses gêneros dentro do trabalho. Exemplos como o álbum The Sky Will Still Be There Tomorrow de Charles Lloyd demonstram que, mesmo com a utilização de poucos instrumentos, é possível criar uma diversidade sonora vibrante, algo que The Keeper não alcança.

A faixa "Higher Than Home" se destaca dos infortúnios do álbum, mas não o suficiente para cativar o ouvinte a retornar a ela após a primeira escuta. Da mesma forma, a faixa-título "The Keeper" também se sobressai, mas compartilha o mesmo destino da anterior: interessante, porém facilmente esquecível. O disco se mantém tanto numa linear e sem vida, que até as faixas que adicionam pequenas mudanças, se tornam destaques. Como "Sweet Isolation", que conta com a participação do cantor Tahn Solo. Este dueto é notável não apenas pela harmonia entre as vozes, mas principalmente porque a presença de Tahn Solo serve como um lembrete de que estamos realmente ouvindo música. A experiência auditiva se torna tão monótona que, em certos momentos, é fácil esquecer que se deu play em um álbum; é somente quando a voz de Tahn Solo emerge que somos abruptamente trazidos de volta à realidade da música, ressaltando a falta de impacto das demais faixas.

É essa carência de consistência e inovação que resulta na frustração do ouvinte. Apesar de algumas tentativas de destacar-se, as poucas exceções não são suficientes para redimir uma obra que, no geral, se mantém aquém das expectativas. Esse aspecto se torna o cerne para entender os problemas do álbum, evidenciando que a falta de vivacidade e originalidade permeia todo o álbum, tornando a experiência profundamente insatisfatória.

Selo: Independente
Formato: LP
Gênero: R&B / Soul
Antonio Rivers

Me chamo Antonio Rivers, graduando em História, amazonense nascido em 2006. Faço parte do Aquele Tuim, nas curadorias de Experimental, Eletrônica, R&B e Soul.

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