3/5
A nova faixa de YELL em parceria com Depratie é um afastamento claro de seus trabalhos anteriores, como seu EP Neo Dream, que explora gêneros ligados efetivamente à música eletrônica. Em “Nothing At All” somos levados a uma produção que brinca com sons etéreos e sombrios – a presença do drum and bass nos dá essa justa e adequada sensação. A música é consistente em suas mixagens e bem trabalhada, apresentando uma construção detalhada, em que as batidas principais são acompanhadas por uma ruma de instrumentais bem organizados, contrapondo qualquer sensação de superficialidade.
No entanto, aqui entra uma das minhas principais ponderações à música: por que canta-lá em inglês? Foi realmente uma pergunta que ficou comigo enquanto eu ouvia a faixa inúmeras vezes. Convenhamos uma coisa sobre esse uso puramente estético ou não: a língua portuguesa é um par perfeito para experimentação, e faria total sentido aqui. Nossa língua é mais rica e expressiva em transmitir sentimentos, além de abrir portas para brincar com metáforas, sons de pronúncia e os inúmeros significados que uma única palavra pode ter, isso sem mencionar o contexto em que YELL se encontra. É por isso que, para mim, “Nothing At All” falha em transmitir sentimentos que certamente produziram sentidos mais amplos sobre como tornar a abordar melhor suas referências – Caroline Polachek é evidente aqui.
Essa decisão artística/de idioma, que pode ser observada em outros instantes no trabalho de YELL, evita que sejam criadas possibilidades que poderiam ser exploradas em seus trabalhos futuros caso a expressão vocal escolhida houvesse de percorrer o portgues brasileiro. Assim, espero que, em seus trabalhos futuros, YELL possa revelar novas dimensões de sua música e fortalecer ainda mais a conexão com seus ouvintes.
Selo: Independente
Formato: Single
Gênero: Pop / Eletrônica