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Mais de 41 mil pessoas foram assassinadas por Israel desde o dia 7 de outubro de 2023, com a maioria sendo mulheres e crianças (cerca de 15 mil desde então). Atualmente, Israel está invadindo e bombardeando o Líbano, e o número de mortos se aproxima dos 2 mil. Não há, até o momento, nenhum cessar-fogo ou acordo de paz, nem respeito aos tratados internacionais ou qualquer cuidado mínimo nas ações desproporcionais tomadas por Israel, que viola inúmeros direitos, ataca escolas, hospitais e campos de refugiados todos os dias. É um verdadeiro banho de sangue diante de nossos olhos.
É difícil abordar “NO TITLE AS OF 13 FEBRUARY 2024 28,340 DEAD” de qualquer perspectiva de juízo de valor. Desde o início da guerra, vários artistas se posicionaram contra os abusos de Israel, realizaram ações de solidariedade ou manifestações condenando a inação das potências ocidentais. Mas nunca vimos nada assim, nenhuma entrega do tipo, e não estou desqualificando outras ações – toda ajuda é bem-vinda. Godspeed You! O Black Emperor, no entanto, ciente do poder que tem, está na dianteira, devidamente preparado para não apenas expor a crise humanitária em Gaza, mas também para denunciá-la.
O próprio título do álbum, que se refere ao número de mortos até 13 de fevereiro deste ano, 28.340 pessoas, já deixa claras as intenções da banda. O que chama a atenção nisso é a maneira como eles tentam fazê-lo. Precisamos entender que este é um álbum regular do Godspeed You! Black Emperor: há suas melodias sombrias, às vezes percorrendo um terreno de evocação mínima, com drones guiando o silêncio para ambientes que parecem recompor muito do tema que exploram aqui, a guerra. É quase literal — estamos nessa guerra, com a destruição e o zumbido da morte entrando em nossos ouvidos. Você consegue senti-la e temê-la.
Se dissesse que essa é a trilha sonora perfeita do horror dessa carnificina, eu estaria errado; uma situação dessas nem merece um desvio como esse. E é por isso que “NO TITLE AS OF 13 FEBRUARY 2024 28,340 DEAD” é importante. É um excelente álbum dentro das possibilidades do que a banda sempre fez, no bom e no mau sentido (essa ideia de post-rock que não serve para nada), mas também é direto em sua idealização, cortando pragmatismos sem nem precisar apelar para algo básico ou que seja fácil de usufruir. É difícil, é pesado e, acima de tudo, é uma demonstração humana do que está acabando, minuto a minuto, com os humanos…
Selo: Constellation
Formato: LP
Gênero: Experimental / Rock, Drone