Crítica | Odyssey


★★★☆☆
3/5

Quando Esperanza Spalding começa a cantar, seguida pelo saxofone de Nubya Garcia em “Dawn”, o teto de vidro do jazz se estilhaça. Poucos artistas têm a proeza de cruzar o gênero da forma como Nubya o faz aqui, inclinando sua linguagem para um caminho mais acessível, porém profundo, em sua posição expositiva. Sua facilidade em compor melodias cujo ritmo é tão bem definido que não custa muito saber para onde quer ir é, talvez, o elemento que tem — ou melhor, reflete — uma característica quase universal do que imaginamos que o jazz seja hoje.

Odyssey é uma dessas obras-chave para termos uma noção de onde e como estamos neste espaço que é visto por muitos como os andares centrais da Torre de Marfim da música. É introdutória e ao mesmo tempo capaz de conter marcas definidoras, como a sequência instrumental de “Clarity”, onde a percussão encontra apoio no saxofone e na orquestração que se constroi em torno dele, numa espécie de sessão solene ou simplesmente um concerto cinematográfico, puro e de certo modo confortável, sem grandes riscos. É um jogo de contrastes interessantes, pois ao mesmo tempo em que assume uma posição de porta aberta ao ouvinte menos familiarizado com qualquer coisa que envolva o temido jazz, Odyssey é também puro requinte.

Selo: Concord
Formato: LP
Gênero: Jazz / Jazz Espiritual
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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