Crítica | Piedras 1 / Piedras 2


★★★☆☆
3/5

Os dois novos álbuns de Nicolas Jaar podem ser divididos em duas partes: uma dedicada ao seu saudosismo, e outra ao saudosismo de quem o ouve. É sempre muito interessante observar o que o artista tem a dizer sob sua fórmula intrincada e única de permear sons eletrônicos que brincam de gerar tendências e criar similaridades com processos distintos onde, muitas vezes, eles não existem. Piedras 1 inicia brincando com texturas, microssons e fragmentos vocais – que ao longo do álbum se transformam em cantos – que resumem não apenas a maneira como o artista busca imprimir o tempo, mas também apresentar parte de sua experiência e força pessoal na composição de atmosferas e temáticas intrusivas, que adentram nosso consciente – algo dele para para quem o ouve.


★★★☆☆
3/5

Em Piedras 2, os fragmentos vocais dão lugar a longos minutos instrumentais, com drones lentos que às vezes se condensam com breaks imprevisíveis e melodias solitárias, dando ao silêncio uma das partes do ato de compor que Nicolas tanto insiste que vejamos. Também é mais dançante, com os sons quebradiços do álbum 1 se tornando mais espaçosos, mais previsíveis e, de certa forma, mais intensos. Momentos como “SSS1”, “SSS2” e “SSS3” assumem essa condensação entre o apelo acessível, dançante e o que parece mais tradicional no contexto da criação de Nicolas, ou de tudo que gira em torno dele. Essas são faixas que definitivamente lideram esse novo momento de seu firmamento – algo dele para ele mesmo.

Selo: Other Peope
Formato: LP
Gênero: Eletrônica / Microhouse
Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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