Crítica | Three Rivulets


★★★☆☆
3/5

Cada uma das três peças que compõem Three Rivulets é dotada de um significado próprio que Kristina Warren parece se esforçar para dar sentido. Claro, muitas das percepções da artista são trazidas aqui por meio de elementos que vão além da objeção central definida por ondas magnéticas e sintetizadores operando em repouso total, sem a rigidez que o uso de drones livres pode trazer às vezes. É por isso que pequenos acordes, sons de metais e scratches são usados para enriquecer as melodias que atravessam diferentes níveis temáticos ao longo do álbum. Enquanto “Rectangles” inicia essa jornada experiencial, trazendo tudo o que veremos nas outras duas peças, “Triangles” segue o mesmo caminho, mas de forma menos densa — aspecto visível nos seus minutos iniciais, com pequenos toques lúdicos e texturas eletrônicas mais evidentes.

A faixa mais longa e que encerra o disco, “Cicles”, desacelera o ritmo em uma força que pouco se assemelha às suas antecessoras. Seu som abafado — mais contido e ainda assim multidimensional — é a recuperação e afirmação de como Kristina pretende dar vida à sua mensagem, transmitida através do que ela faz com a ajuda de equipamentos vistos como máquinas operadas com um certo nível de atenção excessivamente preciso. Como parte de um produto audiovisual e performático, Three Rivulets atrai uma abstração de significados maior do que pode oferecer, resultando em uma força brutal de temperamentos que nem todos são capazes de absorver. É evidente que nada precisa ser instantaneamente literal, explicativo ou algo assim, mas a ideia de ouvir este álbum sem prestar atenção aos seus significados maiores, abordados como material de exposição, é um verdadeiro obstáculo.

Selo: Independente
Formato: LP
Gênero: Experimental

Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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