Crítica | Whiplash


★★★☆☆
3/5

Whiplash mostra alguns dos maiores pontos fortes do grupo. Aqui, a música eletrônica feroz é uma abordagem central e faixa que carrega os promos da era, de mesmo nome do EP, é uma ótima demonstração de como esse som se destaca. Nela, o tech house com um ritmo incessante constroi uma atmosfera muito imponente, assim como muitas das explorações EDM do grupo fizeram sucesso. Pode soar repetitivo para alguns, mas essa repetição funciona na medida em que configura sua natureza fortemente envolvente.

Os outros momentos guiados por estilos eletrônicos bastante demarcados e próximos do que se tem dessas abordagens no k-pop seguem o território comum do aespa no trap (EDM), que trabalha sempre com texturas metálicas. Não há nada de muito inventivo como o uso desse estilo em outras fases do grupo, porém, é cativante o suficiente para reafirmar como elas dominam esse som.

Há também uma forte presença de R&B no álbum que mostra um lado do talento do aespa além do aspecto feroz de seu hip hop e eletrônica que são característicos do grupo, este que a SM tentou incorporar várias vezes, mas raramente rendeu resultados tão bons quanto aqui. “Flights, Not Feelings” é uma das tentativas recentes mais curiosas do k-pop de beber da fonte do R&B dos anos 90. Nela, o hip hop soul é apresentado ao lado de referências do trip-hop, que, embora tenha experimentado seu auge no mesmo período, e tendo alguns aspectos que tangenciam, diversas vezes se mesclou. Isso resulta em um tom misterioso exacerbado na produção que se torna mais forte com as melodias vocais hipnotizantes.

Apesar de sólida no geral, a faixa final “Just Another Girl” apresenta algumas inconsistências que ressaltam ideias que a SM insiste em errar com o aespa. Em mais uma tentativa de encaixar o grupo em uma sonoridade pop rock, o resultado é ainda pior que outras tentativas, pois se ao menos em outros momentos houve uma intenção de trazer intensidade à construção musical daqueles exatos contextos, já aqui tudo soa completamente sem força. O maior problema com o trabalho artístico do aespa é sua inconsistência entre pairar sobre diferentes estilos além daqueles que já são conhecidas, o que é muito lamentável, principalmente para um dos grupos mais promissores da empresa, que está em um momento em que não só elas, mas muitos outros artistas estão sofrendo de um problema semelhante.

Selo: SM Entertainment
Formato: EP
Gênero: Música do Leste e Sudeste Asiático / K-Pop
Davi Bittencourt

Davi Bittencourt, nascido na capital do Rio de Janeiro em 2006, estudante de direito, contribuo como redator para os sites Aquele Tuim e SoundX. No Aquele Tuim, faço parte das curadorias de Música do Leste e Sudeste Asiático, Pop e R&B.

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