Uma lista apresentando o melhor do gênero na atualidade, com obras pouco conhecidas e que merecem sua atenção!
Uma constante que se intensificou desde a formalização do poptismo ao longo dos anos 2010 é a visão de que o rock, já longe de estar nas paradas musicais como costumava estar, morreu. Essa ideia vem acompanhada de questionamentos que poderiam, de fato, atestar o que seria essa tal “morte”. Acontece que, como arte, as coisas morrem e não morrem — tampouco vivem — o tempo todo. Dizer que o rock morreu, sem entrar em detalhes do que isso significa, de que rock estamos falando, mesmo sabendo da certeza puramente comercial dessa afirmação, é a essência da superficialidade da relação entre produto e consumo, e da falta de compreensão da dinâmica de mercado que muda conforme também mudamos como sociedade capitalista. Apesar disso, enquanto houve o rock que ocupou as paradas musicais no passado, também houve o rock que nem chegou perto ou teve intenções maiores do que apenas… existir. Esse rock vive hoje, mais forte e diverso do que nunca.
Deus Monstro
Os Vulcânicos
2020
O rock nacional se mantém relevante, apresentando uma abordagem de garage rock. Os Vulcânicos demonstram que estão entre os melhores ao ousar inovar de uma forma semelhante ao que os Ratos de Porão fizeram em seu auge. Este EP, com uma duração de 20 minutos, cativa o ouvinte, envolvendo-o nas letras e nos riffs cuidadosamente elaborados. A faixa de abertura, "O Homem do Bigode Asteca", pode ser considerada uma verdadeira ponta de lança das ideias exploradas por eles, facilmente inserida no contexto do alternative metal. Poucas bandas nacionais conseguem transmitir essa energia punk rock, que nos leva a ouvir suas músicas em um ciclo interminável. "Deus Monstro" tem potencial para ser uma faixa de encerramento, devido à sua capacidade de reunir críticas contundentes e a musicalidade das demais composições. Sem dúvida, Os Vulcânicos se destacam como uma das grandes promessas do rock agressivo nacional.
Preaching to the Choir
Blind Ego
2020
Este álbum é uma reflexão sobre a superação de desafios e a saída da monotonia. Não é necessário ter conhecimento prévio sobre Kalle Wallner; o importante é reconhecer que ele deixa tudo incrível. Com uma faixa de abertura como "Massive", que combina elementos de prog rock e metal, a produção revela uma mistura excepcional desde o primeiro até o último segundo, com um refrão marcante que evidencia o motivo do prog rock permanecer vibrante no cenário musical atual. "Preaching to the Choir" apresenta um efeito de baixo que torna a faixa-título fascinante, criando um contraste interessante com os vocais profundos e intensos. "The Pulse", com quase nove minutos de duração, é uma composição profunda e singular dentro, apresentando uma exploração que é notável para uma faixa de encerramento. Todos os elementos se harmonizam nesse álbum, que é um dos mais profundos exemplares de rock progressivo com metal já produzido.
Rakshak
Bloodywood
2022
A banda indiana tem se destacado significativamente na cena do folk/hard metal nos últimos anos. Neste álbum, os músicos decidiram combinar diversas influências em uma única produção. O nu-metal presente aqui ganha destaque especialmente na faixa "Gaddaar". O grande prazer de ouvir as primeiras músicas é perceber que Karan Katiyar e Jayant Bhadula permanecem fieis às suas raízes, ao mesmo tempo em que criam um rock profundo, incorporando de forma excepcional o instrumental indiano e suas letras críticas ao contexto local. Conforme o álbum se desenvolve, até mesmo os pontos considerados "críticos" oferecem uma experiência divertida. Para quem deseja explorar uma nova fase do nu-metal combinada com folk metal, este álbum é uma escolha ideal.
I Am the Storm
Redemption
2023
O metal progressivo, em sua forma "tradicional", continua vivo, e I Am the Storm é uma prova contundente disso. Este LP é tão agressivo quanto sofisticado, mantendo o ouvinte empolgado para avançar de uma faixa para a outra, um padrão que se repete ao longo de toda sua duração. A música "Action At A Distance" se destaca por sua complexidade, não apenas por ser mais extensa, mas por capturar a essência do puro rock progressivo. A fusão entre heavy metal e rock progressivo proporciona uma experiência excepcional para o ouvinte, especialmente para aqueles já familiarizados com a "jornada do rock". A faixa final, "Red Rain", é uma combinação de emoções que nos leva a querer revisitar o álbum por completo. A banda, sem dúvida, acertou nas composições e nas melodias cuidadosamente trabalhadas.
Dead Mother Moon
Upon Stone
2024
Distante dos refinamentos típicos do rock, a banda Upon Stone apresenta o melhor do melodic death metal aos seus ouvintes, incorporando elementos de black metal e uma melancolia temperada por um toque de fúria em suas letras e riffs. Duas faixas particularmente marcantes são "Nocturnalism" e "The Lantern", que se destacam por seu instrumental impecável e pela atmosfera sombria que evocam, resgatando a vibração característica do final dos anos 90 no cenário do rock. Além disso, o universo criado pela banda em Dead Mother Moon é inspirado em jogos como Castlevania, o que adiciona mais um atrativo ao público fã de "rock nerd".
Of Sins And Other Tales
Project Arcadia
2024
A banda que entrou em hiato de produção por muito tempo retorna com um álbum esplêndido para os fãs do power metal, com uma nova formulação de membros e novos olhares do rock, trazendo os mais assombrosos olhares do metal nos últimos tempos na cena. O álbum é completamente centrado na riqueza melódica, com qualquer outro aspecto, como potência ou progressividade, ficando em segundo, e isso está longe de ser ruim. Nada lançado nos últimos anos é páreo para os hinos do power rock progressivo que “The Portrait” e “The Hourglass” são, além de dois bons exemplos de excelente trabalho de metal melódico. Um projeto para quem sente falta da energia constante no rock.