Pierrot et Arlequin, Paul Cézanne, 1888 |
Crítica é opinião – mas não pode ser apenas opinião – e é nessas pequeníssimas vírgulas e especificidades que o trabalho de um crítico e de um opinador se misturam e parecem o mesmo: qual a diferença real entre a opinião de alguém sobre algo numa mesa de bar e uma crítica, se ambos dizem sobre a experiência e os efeitos que obra X ou Y tiveram sobre o indivíduo?
Supostamente um trabalho crítico leva em consideração detalhes técnicos, um background social, um foreground cultural, e outras palavras chatinhas que fingem ser sobre algo e dizer alguma coisa. Um crítico opina. A diferença é tão somente o palanque, o palco sobre o qual se fala.
É claro: quanto maior o palco, maior o público, e quanto maior o público… um certo rigor criterioso é esperado de quem critica, como se a massa dissesse: “Viu só? Quis se estabelecer como renomado crítico? Pois analise toda e qualquer partícula de um trabalho, e aí, só aí, forme sua opinião.” Mas não existe forma disso acontecer senão na mente do próprio artista, não há ângulo sob o qual se olhe, luz sob a qual se veja uma obra: a totalidade de entendimento é elusiva, fugitiva, é a cenoura na vara de pescar sobre os olhos de um cavalo.
Entender o mínimo de uma obra é essencial, não se pode escrever uma opinião sobre algo que não se conhece, cuja arte não se situa – mas ao mesmo tempo é uma luta de forças irreconhecíveis: se o todo não pode ser conhecido, então qual o limite entre o bastante ou não para se escrever uma crítica?
Nós enquanto seres sociais procuramos uma validação além da própria, um sinal de que uma convicção, se não correta, pelo menos está um tanto no caminho certo. É por isso que lemos e ouvimos sobre arte, às vezes até para gerar uma concepção se tal obra está a par de nossa atenção, se vale a pena “perder” uma hora num produto falho.
Pierrot et Arlequin, Paul Cézanne, 1888 |