★★★☆☆
3/5
Não importa as circunstâncias, Giovani Cidreira segue mostrando um fôlego impressionante em suas variáveis artísticas. Era difícil imaginar os caminhos que ele seguiria depois de Nebulosa Baby, que é uma das grandes joias da música brasileira lançadas nos últimos anos — e mais do que isso, denso e repleto de sensibilidade, compassado por suas composições melancólicas e tão marcantes.
Em Carnaval eu chego lá, ele explora o repertório de Ederaldo Gentil para trazer novas cores. Não apenas em antecipar a animação e as serpentinas da temporada carnavalesca, ou de se desafiar como intérprete de um dos grandes nomes do samba baiano. A conexão de Giovani com o sambista se inicia na adolescência, e ela é o aporte para limiares geracionais se atravessarem e se ressignificarem.
É muito satisfatório ouvir a voz de Giovani conduzir composições tão vibrantes, como “Ternos da Lapinha”, “Feira do Rolo” e “Baticum”. É uma animação genuína, e um frescor para os ouvidos. Porém, não significa que não há espaço para calmaria e melodias que pendem à melancolia de maneiras muito vulneráveis: é o caso de “Rose”, em parceria com Alice e Danilo Caymmi, e “A Saudade Me Mata”, que até faz um paralelo sonoro com “Anos Incríveis”, faixa de encerramento de Nebulosa Baby.
Não há dúvidas de que Carnaval eu chego lá ultrapassa as convenções de homenagear Ederaldo — é sobre trazer perspectivas contemporâneas a composições tão atemporais. E não havia ninguém melhor que Giovani Cidreira para começar esse movimento, que é tão importante para manter sua obra viva e de continuar se comunicando com nós. É como o próprio disse:
Essa característica visceral e à frente do seu tempo, essa linguagem muito moderna, tudo isso faz parte de Ederaldo Gentil. Esse trabalho é um jeito de continuar a dar a ideia que ele sempre deu sobre liberdade, negritude, e amor. É uma forma de manter essa chama ainda mais viva no mundo.
Selo: dobra discos
Formato: LP
Gênero: MPB, Pós-MPB e Música Brasileira