Crítica | Claroscuro


★★★☆☆
3/5

Embora Claroscuro, de Braulio Lam, faça alusão à maneira como a luz afeta nossas emoções, é na escuridão completa de suas gravações temperamentais — ora pulsantes, ora contidos demais — que somos cativados por sua intensidade criativa que permeia o silêncio por entre uma modelagem eletrônica que parece liberar todo sentimento enviesado pelo artista ao compor suas peças, que são curtas, mas muito eficazes ao transitar por uma projeção densa que reúne paisagens etéreas a partir de algumas noções bem conhecidas da música ambiente.

Nesse ponto, Claroscuro acaba se tornando muito mais forte. Suas peças, que variam de três a sete minutos de duração, tornam-se palatáveis e indigestas ao mesmo tempo. Em “Claroscuro VIII”, por exemplo, a atmosfera nebulosa que aos poucos se eleva, ruminando suas notas sem atentar para esforços melódicos ao estilo Grouper, deixa claro como o produtor busca situar a luz, seus signos e marcas, como partes integrantes de uma modalidade musical mais provisória em sua conceituação. É como se víssemos a luz do sol cruzando o espaço, passando pelas folhas das árvores e tocando o chão, enquanto o mundo ao nosso redor parece estático.

Selo: Dragon’s Eye Recordings
Formato: LP
Gênero: Ambiente / Eletrônica

Matheus José

Graduando em Letras, 23 anos. É editor sênior do Aquele Tuim, em que integra as curadorias de Funk, Jazz, Música Independente, Eletrônica e Experimental.

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