Crítica | malandreo conceptual


★★★★☆
4/5

Weed420 e seu disco de estreia transfiguram o reggaeton em uma besta alienígena hiper-tecnológica faminta por cacofonia. Feito quase que unicamente por colagens de samples obscuros através do epic collage — tanto que o projeto parece ter sido diretamente parido pela genial Elysia Crampton —, a mixtape parece tomar vida própria enquanto anda pelos becos e vielas da Venezuela em busca de um novo caos para consumir. Sempre que acha uma vítima, uma de suas outras cabeças imediatamente encontra outra, caso contrário, comem as próprias cabeças; é um sistema de alimentação e retroalimentação assustadoramente belo.

A maneira como os samples são manipulados é tão descuidada quanto intrincada, tão material — a potência da bateria do reggaeton, as graves vozes dos radialistas sampleados — quanto imaterial — a manipulação da memória e da cultura por meio da glitchização de samples, a psicodelia do uso das samples como efeitos —; é uma lenda urbana em forma de música. Fabulosamente, malandreo conceptual não perde uma oportunidade sequer de encaixar samples, batidas e efeitos, de forma que cada um de seus 40 minutos sejam, simultaneamente, totalmente distintos e indistinguíveis um dos outros.

Selo: tresmil
Formato: Mixtape
Gênero: Eletrônica / Epic Collage, Reggaeton

Sophi

Estudante, 18 anos. Encontrou no Aquele Tuim uma casa para publicar suas resenhas, especiais e críticas sobre as mais variadas formas de música. Faz parte das curadorias de Experimental, Eletrônica, Rap e Hip Hop.

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