Crítica | Marina Lima - Rota 69

Imagem: Reprodução Instagram

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Marina Lima construiu uma trajetória longeva e consistente na MPB. A artista é detentora de grandes sucessos – ora românticos, ora introspectivos – que bombaram nas rádios brasileiras e também marcaram diversas trilhas sonoras de novelas da Rede Globo. Desde agosto, a cantora vem promovendo a turnê Rota 69, que é sobre seus 69 anos de idade e 45 anos de carreira. É um momento, portanto, de celebração.

Mas, no último sábado (23), no Circo Voador, famosa casa de shows do Rio de Janeiro, Marina enfrentou um grande desafio: sua primeira apresentação desde a partida de seu irmão e fiel escudeiro nas composições, o poeta e escritor Antonio Cicero, falecido em outubro ao realizar eutanásia na Suíça. Era sabido que seria um momento emocionante tanto para a cantora quanto para o público – muitos ali a acompanham há mais de quatro décadas.

E, de fato, foi difícil conter as lágrimas. Antes mesmo da primeira música do setlist, “Charme do Mundo”, começaram as homenagens a Cicero. Através de um áudio, Marina introduziu a turnê, que passa por toda a sua carreira e, dessa forma, pelo irmão, nome por trás de canções como “Fullgás”, “Virgem”, “À Francesa” e “Acontecimentos”. “Este show é sobre a minha trajetória, sobre a minha rota até agora por aqui. Mas, faz parte dessa rota alguém imenso, que permeou toda minha vida e obra. O Cicero partiu repentinamente, para todos e para mim. Mas, a presença dele está por toda parte. Ainda bem que tive tempo e alegria de poder homenageá-lo com ele presente”, narrou a cantora logo no início da apresentação.


Do começo ao fim, a Rota 69 no Circo Voador foi um ode ao legado de Antonio Cicero. Em um dos momentos mais divertidos do show, Marina Lima cantou e dançou o hit “LUNCH”, de Billie Eilish, ao lado da amiga e também cantora Adriana Calcanhotto. As duas beberam vinho e comemoram o aniversário de Marcelo Pies, casado com Cicero por mais de 40 anos, e que estava na plateia. Emocionada, Marina mostrou sua gratidão ao cunhado por toda a lealdade e companheirismo que ele teve com seu irmão.

A energia de uma plateia tão diversa - com pessoas de todas as idades - tornou a apresentação de Marina ainda mais especial. O repertório, que passeou por sucessos de diferentes épocas da carreira da cantora, foi cantado com muita euforia pelo público. E a performance de “Não Sei Dançar” foi, sem dúvidas, uma das mais lindas de todo o show.

E, ao final do espetáculo, depois que Marina Lima cantou “Nada Por Mim” e se despediu do público, ficaram duas certezas: a primeira é que Antonio Cicero segue vivo. Sua arte é imortal. E a segunda é que Marina ainda terá muitas outras rotas para percorrer.

Lucas Souza

Jornalista, escritor, noveleiro e movido a música desde que se entende por gente. Redator na Aquele Tuim e curador de MPB, Pós-MPB, Música Brasileira e Pop.

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